Era um curso de reciclagem para trabalhadores voluntários; servos da Boa Nova em curso de melhor bem servir.
O ambiente de paz e fraternidade imperava ante a expositora inspirada em nobres sentimentos.
O curso andava a bom termo até que uma questão foi colocada em pauta.
Alegava uma das samaritanas que no local onde exercia seu lado abnegado, um de seus companheiros de luta, tinha hábitos que atrapalhava o bom andamento do trabalho.
A expositora questionou se já haviam conversado com o citado companheiro, com o intuito de sanar o tal problema.
Segunda a trabalhadora, ninguém havia conversado com o problemático voluntário. Apesar daquele incómodo sobre as cabeças dos demais trabalhadores e dos atendidos não falavam com o abnegado pelo fato de ser este um bom servidor da causa. E também seria constrangedor tocar no assunto com o próprio.
Este caso entrou em discussão geral na aula, e com isto, levantou-se outros casos. Foi, como se diz, uma lavagem de roupa suja geral. Todos as línguas e dedos apontaram e dispararam para todos os lados.
Mais uma vez aqueles que se colocavam a serviço do Cristo deixavam-se levar pelas próprias verdades e vaidades.
O estado das coisas estava constrangedor. Assim seguiu o clima até que um dos samaritanos levantou a mão como quem queria fazer uma pergunta ou uma colocação. A mestra, entre perplexa e desconsolada deu-lhe a palavra com o coração cheio de esperança de vir daquele uma boa palavra, e também com temor por poder ser apenas mais uma farpa para a rede que os cercavam. Vamos ouvir nosso companheiro, disse em expectativas.
Em meio aquele disse-disse, o samaritano relembrou em voz tranquila: "Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra". Falou e calou-se.
Alguns instantes de reflexão por parte de todos acalmou o ambiente.
Quando a mestra, revigorada e confiante, iria reiniciar as explanações sobre o Trabalho na Seara do Mestre, aquela que havia iniciado as contendas se levantou e falou em tom suave:
- Não quero atirar pedras em ninguém, apenas estava constatando um fato: ele atrapalha nosso trabalho.
Os outros que também havia se sentido atingido pelas Palavras Eternas saíram em defesa das próprias argumentações.
O samaritano nada mais disse, apenas pensou: Mestre se vivesse em nossos dias de tantas verdades, o símbolo de redenção e vida eterna, de Amor e Perdão, de compreensão e fraternidade não seria a Cruz, mas as pedras a antecipariam.