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Cronicas-->Quase fomos escravos dePortugal -- 13/11/2004 - 15:20 (Leonardo Koury Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quase fomos escravos dePortugal


Aspectos da Literatura Brasileira que se diferem na concepção de
Almeida Garret e Santiago Nunes Ribeiro



A diferença de pensamentos na literatura é frequente, pois as opiniões são adversas em ambientes que a intelectualidade é apurada. No ambiente literário, as idéias, ou melhor, a forma delas serem colocadas, também contribuem para que existam divergências de intelecto em certos assuntos, portanto, deve-se colocar em pauta, as divergências de pensamentos como a de Almeida Garrett e Santiago Nunes Ribeiro, dois estudiosos da literatura do século XIX, viventes da época literária chamada de Romantismo.
Deve-se lembrar que no período cronológico vivido pelos dois na história da literatura, tiveram vários fatores que influenciaram as formas de pensamentos e afloraram mais o debate de que a Literatura Brasileira era meramente cópia de Portugal.
O Brasil era colónia lusitana, a família real morara no Brasil durante anos e era semelhante a língua entre os dois países, ambos usavam o português, além disso, os intelectuais dos dois países tiveram a mesma base de estudo nos colégios e faculdades européias, enfim, a busca de sapiência não era somente dos dois países, mas de quase toda humanidade daquela época.
No século XIX, o Brasil vivia um período complexo de sua história, buscava a independência de Portugal, prova disso era algumas revoltas populares, considerando também o fator de que ao nascer no Brasil, todos eram considerados portugueses, só que de um escalão diferente aos portugueses nascidos em Portugal, quase que uma separação social.
Coisas como estas, foram criando um senso de nacionalismo no meio dos intelectuais nascidos no Brasil, que almejavam uma pátria própria e isso era presente em todos pontos, que por fim, foi dada a independência do Brasil por meio do século XIX.
No estudo literário de Santiago Nunes Ribeiro, que vinha a morar no Brasil ainda pequeno, tinha uma visão de independência perante as posições literárias da época, colocando a Literatura Brasileira diferente da Literatura Portuguesa.
De certa forma, Santiago Nunes Ribeiro em seus estudos, contrapõe ao fato que a igualdade das duas literaturas seria pelo fato dos dois países falarem a mesma língua, pois, para ele, existiam pontos mais relevantes como as condições sociais e naturais vividas pelos brasileiros que eram diferentes das condições portuguesas.
Santiago Nunes Ribeiro acreditava que os poetas brasileiros tinham uma condição de criação, que partia da própria terra, não precisavam buscar inspiração longe, pois as condições geográficas no país eram muito presentes assim como a condição social, nos versos dos poetas brasileiros do século XIX.
Existia através dos estudos de Almeida Garrett uma certa divergência entre este ponto, pois ele defendia que a Literatura Brasileira era igual à Literatura Portuguesa, por isso, as literaturas eram sim, unificadas.
Almeida Garrett partia do ponto de que havia imitações entre as literaturas de vários países, como a literatura hispànica em relação à literatura francesa, entre outras, acreditando que, por este motivo, a Literatura Brasileira era mera imitação da Literatura Portuguesa.
Ele acreditava também que o ponto de sapiência dos intelectuais dos dois países, por serem na Europa, tendo as idéias partindo do mesmo pressuposto e considerando a língua portuguesa oficial dos dois países, eram estes pontos fulminantes na relação de igualdade e de literatura única.
Existe uma declaração de Santiago Nunes Ribeiro que coloca a inteligência da literatura como um caráter de um povo, de uma época, das condições naturais que estão sujeitos os intelectuais, enfim, por estes motivos jamais fatores simples como o uso da mesma língua poderia ser motivo de literatura unificada entre Brasil e Portugal.
Nos estudos de Almeida Garrett não tinha a relevància das condições naturais para a diferenciação da literatura, além disso, ele era natural de Portugal, diferente de Santiago Nunes Ribeiro que mesmo não nascendo no Brasil, vinha morar no país muito novo, adotando o senso nacionalista, que vemos não somente nos estudos literários mais também, em sua vida.
Almeida Garrett era português, não havia nenhuma ligação com o Brasil, então, jamais poderia usar fatores naturais.
Um outro aspecto que fazia Almeida Garrett ter este pensamento sobre as literaturas, é o seu formato, onde os períodos da história da literatura partiam do mesmo ponto e se dividiam quase igualmente, sendo que algumas vezes, as fases literárias do Brasil eram um pouco atrasadas, como exemplo disso, o início da geração romàntica do Brasil fora em 1936, já o início da geração romàntica de Portugal fora em 1925, dado até mesmo o atraso por ele, uma forma de imitação.
Podemos considerar dois pontos de vista importantíssimos para a história da literatura, enfim, Almeida Garrett colocava a condição da mesma busca intelectual, a igualdade da língua e a comum imitação de literaturas, fator importante do seu estudo. Em contrapartida, Santiago Nunes Ribeiro mostra que as condições sociais e naturais eram predominantes na relação da diferença entre as duas literaturas: a Literatura Portuguesa e a Literatura Brasileira.
Consequência disso, tempos depois, a literatura brasileira tornou-se independente da literatura portuguesa, mesmo tendo pontos favoráveis à unificação. Almeida Garrett e Santiago Nunes Ribeiro expuseram suas concepções e contribuíram ao esclarecimento do debate da única literatura entre os dois países, junto a um período histórico vivido, que era o da independência do Brasil.
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