O GORDO E O MAGRO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Lula não engoliu o resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Provavelmente, julgando que os dados levantados comprometeriam o programa Fome Zero, em que apostou todas as suas fichas, o presidente teria dito: "no Brasil não faltam alimentos e sim dinheiro para comprá-los".
A bem da verdade, Lula juntou a fome com a vontade de comer; misturou, na mesma panela, ingredientes como a fome e a desnutrição, e a obesidade e as gorduras. De sobremesa, confundiu pesquisa de opinião com pesquisa de orçamento familiar. Esta, no caso em questão, além do recolhimento de dados antropométricos, levou em conta a análise do consumo quantitativo e qualitativo de alimentos consumidos - no período de julho de 2002 e junho de 2003 -, em cada domicílio objeto de amostragem.
De certa forma, o comportamento do presidente não surpreende. Haja vista a dieta, ao nosso ver inadequada, adotada em seu governo, relativamente aos projetos, programas e ações postos em prática: o programa Fome Zero, como de resto o Bolsa-Família e o Primeiro Emprego, por exemplo, continuam magros, anêmicos e desnutridos. Não conseguem andar. Engordam e emagrecem ao sabor de conveniências e interesses políticas diversos. Sofre do chamado "efeito sanfona".
O salário mínimo, coitado, o eterno morto de fome, há tempos, nada come: de boa ou de má qualidade. O eterno desnutrido e esfomeado. Mal acostumado, como diz a canção, vive de teimoso, Ã espera de um certo ano-novo. De um futuro sempre adiado.
O milagre do crescimento, por sua vez, alimentado com promessas recheadas de açúcar e de afeto, tornou-se obeso. Nem a cirurgia para reduzir o estómago em que se processa o bolo alimentar, reverterá a obesidade mórbida do gordo e sorridente milagre anunciado - com tempero ardente e otimista - pelo presidente.
Obesidade mórbida, também, em relação à carga tributária; obesidade dos juros alimentados no restaurante do Banco Central, com receita aviada pelos cozinheiros do COPOM.
Gorduras e obesidade mórbida na imensa dívida externa, pra lá de gordinha, por conta de maus hábitos alimentares, em razão do : consumo de hamburgues, batatas fritas, queijos, ovos e refrigerantes, entre outras guloseimas impostas pelo capital estrangeiro.
Alguém precisa avisar ao nosso presidente: só dinheiro não resolve os problemas ligados à alimentação inadequada. Novamente, cantemos: : a gente não quer só dinheiro, não quer só comida, não quer só bebida, e nem só diversão. A gente precisa de emprego, de escola e de boa alimentação. E de espaços para exercitar nossa cidadania, com liberdade de expressão. Para que não sejamos confundidos com aqueles que vivem chorando de barriga cheia.
Se o governo, ao invés de aumentar a receita, procurar diminuir as despesas, colocando mais água no feijão, em quatro anos seremos outra Nação. Basta optar pela comida caseira; e deixar de lado as frituras trazidas do estrangeiro.