O GORDO E O MAGRO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Lula não engoliu o resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Provavelmente, julgando que os dados levantados comprometeriam o programa Fome Zero, em que apostou todas as suas fichas. A propósito, o presidente teria dito: "no Brasil não faltam alimentos e sim dinheiro para comprá-los".
A bem da verdade, Lula juntou a fome com a vontade de comer; misturou, na mesma panela, ingredientes como a fome e a desnutrição, e a obesidade e as gorduras. De sobremesa, confundiu pesquisa de opinião com pesquisa de orçamento familiar.
De certa forma, o comportamento do presidente não surpreende. Haja vista a dieta, ao nosso ver inadequada, adotada em seu governo, relativamente aos projetos, programas e ações postos em prática: o programa Fome Zero, como de resto o Bolsa-Família e o Primeiro Emprego, por exemplo, continuam magros, anêmicos e desnutridos. Não conseguem andar. Engordam e emagrecem ao sabor de conveniências e interesses políticas diversos. Sofre do chamado "efeito sanfona".
O salário mínimo, coitado, é, antes de tudo, um forte. E isto porque, apesar de não conseguir alimentos em quantidade e qualidade adequadas, franzino, esfomeado, desnutrido ou morto de fome. sobrevive de teimoso. Aguardando o tal pedaço de bolo do crescimento anunciado: o futuro promissor sempre adiado.
O milagre do crescimento, por sua vez, alimentado com promessas recheadas com açúcar e com afeto, tornou-se obeso. Nem a cirurgia para reduzir o estómago e o bolo alimentar, reverterá a morbidez do gordo e sorridente milagre económico. Anunciado com o tempero ardente do nosso presidente otimista.
Obesidade em quase todos os recantos do setor público. Na carga tributária; no excesso de peso dos juros, alimentados no restaurante do Banco Central, com receita aviada pelos cozinheiros do COPOM.
Pra lá de gordinha, a nossa imensa dívida externa. Por conta de maus hábitos alimentares, em razão dos costumes impostos pelo capital estrangeiro, resultado do consumo exagerado de hamburgues, batatas fritas, queijos, ovos e refrigerantes, entre outras guloseimas.
Alguém precisa avisar ao nosso presidente: só dinheiro não resolve os problemas de limentação inadequada. A gente não quer só dinheiro, só comida, ou só bebida e diversão.
Se o governo, ao invés de aumentar a receita, via criação de tributos, deveria diminuir as despesas, colocando mais água no feijão. Bastaria optar pela comida caseira, abandonando os apelos embutidos nas frituras, guloseimas e refrigerantes coloridos do exterior.
A gente precisa de emprego, de escola e de boa alimentação. E de espaços para exercitar nossa cidadania, com liberdade de expressão. Para que não sejamos confundidos com aqueles que vivem chorando de barriga cheia.