Eu tinha acordado tarde como de costume. 18 horas de estómago vazio e uma ressaca que parecia ter um monstro gigante querendo sair de minha cabeça a força. Aguentei firme os primeiros minutos, que são os piores, e bebi quase 1 litro de água gelada no gargalo da garrafa de plástico, vomitando em seguida quase 1 litro de água gelada bebida no gargalo da garrafa de plástico no chão da cozinha. Saí, deixando pra trás isso. O sol está exatamente mirando todos seus raios ultra-violetas (naquele momento parecia ser super-ultra-violeta) á minha enorme cabeça que pensa que pensa.
O mundo parece meio demais pra mim. E eu, nada demais pra ele. As coisas parecem sem significado e eu sinto-me sinceramente sem me importar com nada, a não ser com meu egoísta conforto físico que imploro que chegue logo com o fim dessa horrível ressaca que sinto, me deixando mal-humorado e sarcástico com as pessoas que vejo passar.
Patético. O céu é um enorme e sem fim azul patético. Imagine se fosse vermelho? Bom, se fosse vermelho eu o imaginaria azul e então, não muda merda nenhuma, o vermelho também seria patético. Porque nunca estamos felizes com as coisas? Porque queremos sempre mais e mais? Graças a Deus é assim, imagina que chato seria se quando criança depois da bola de capotão você nunca mais quisesse nada. Que merda...
Andando pela cidade é que se sente vivo. Em casa parece tudo distante. Parece que não existem pessoas nem padarias nem ruas nem igrejas nem pessoas que vão á igreja. Dentro de nossa confortável toca morremos de forma rápida e dolorosa. E daí? Morra do jeito que quiser morrer e não me encha o raio do saco que já está quase virando cozido de tanto calor que me ataca a moleira.
Vejo de longe um grupo de jovens escutando música ruim em alto e "bom" som. Bebem algo que não sei direito o que é, mas só pelo fato de saber que é líquido e se bebe me dá ànsia de vómito. E me maltrato, sabe como? Fico imaginando que é vodka pura e ruim, daquelas com nome russo de ultima categoria que vende no supermercado naquelas prateleiras lindas sábado à noite antes de alguma festa e claro, sem sombra de ressaca no corpo e na cabeça que pensa que pensa.
Eles ficam lá, escutando música ruim e bebericando no gargalo de garrafa pet alguma coisa com cor estranha e que provoca caras feias ao descer pela goela abaixo. E já perceberam quando os seres humanos estão em grupos o quanto ficam mais idiotas? Sei lá, não pode ser natural. Esses, no caso, dançam tipo uma dança estranha tipo macarena ou uma neo-lambada e riem alto, riem alto demais pra mim. Duvido que riem alto e exageradamente assim em casa sozinhos quando acham uma coisa engraçada. E batem nas costas um do outro, e se abraçam, um puxa um outro e falam no ouvido e riem sem parar feitos hienas maravilhadas com uma miragem de um deserto tropical, e mexem com as menininhas indefesas com cabecinhas idiotas que ficam sem graça e riem baixinho com a mão na boca mostrando castidade e pureza. Grande merda. Vamos lá garotos inúteis, façam alguma coisa. Estuprem essas menininhas frágeis e dóceis e depois se matem pra ter emoção em suas vidas adolescentemente enfadonhas e mimadas.
Deixa-me ir embora que minha cabeça vai explodir e não quero espalhar merda no meio da Avenida principal de cidade de interior onde rola a azaração e a paquera. Deixa-me ir pra casa, deitar um pouco, relaxar porque a noite tem mais bar, tem mais tudo de novo, e com certeza os mesmos muleques que acabei de falar me verá bêbado e flamejando palavras malucas e dirá ou escreverá que eu sou um completo idiota irresponsável inútil e sem juízo que bebe os momentos da vida em que poderia estar estudando ou tentando ficar rico.
Foda-se pra mim. Foda-se pra eles. Se não fossemos nós o mundo seria um pé no saco cozido. Viva nós, seres humanos palhaços da História...