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Cronicas-->Bêbados & Burgueses -- 23/10/1999 - 12:00 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muito enriquecedora a agenda cultural da semana
passada. Primeiro o musichato João Gilberto
declara que vaia de bêbado não vale. Isto é um
absurdo. Todo mundo sabe que fiofó de bêbado não
tem dono mas quanto às vaias não acredito que
haja jurisprudência. Bêbado também não pode
dirigir. Daqui há pouco estarão proibindo o
bêbado de beber. Desclassificar as vaias dos
bêbados é de um autoritarismo sem limites,
incompatível com a historia libertária de nossa
música.

Não bastasse, o coleguinha (Caetano Velozo) toma
as dores e diz:

- Aqueles que vaiaram o João Gilberto não me são
aceitos no coração.

Logo Seu Caetano, aquele que andava sem lenço,
sem documentos - mas já naquela época tomava Coca
Cola - de tantos protestos, Clarisses e Flying
Saucers, vem com esta conversa mole de que o
público tem que aguentar a chatice do Seu João. A
vaia foi espontànea e o mínimo que o artista
tinha que fazer era dar-se conta de que não
estava lá para divulgar laudos técnicos sobre o
ar condicionado e o som. Se problema havia, ele
que discutisse com os responsáveis pela casa. Ele
preferiu jogar seu mau humor sobre o público e
colheu o que plantou. Uns caras velhos e
tarimbados como eles já deviam ter aprendido a
administrar estas situações com tranquilidade. Se
não a causa, pelo menos o efeito. Vaia é coisa de
espetáculo, mesmo que não fale ao coração do
compositor solidário.

No decorrer da semana Seu Caetano volta à carga
chamando de burgueses imbecis os (segundo dele)
60 ou 70 ou 80 expectadores que vaiaram João
Gilberto. A dupla é boa. Um chama o público de
bêbado, outro de burguês imbecil. Curiosa esta
ofensa. Antiga também, é do tempo em que
comunista comia criancinha. Ficaria bem nos anos
sessenta na boca de um rapazola iniciando
carreira naqueles tempos conturbados. Mas já
naquela época a vaia era melhor administrada.
Hoje, para um senhor de terno, gravata e
património parece no mínimo estranho ficar
chamando seu público de burguês. Talvez ele não
saiba exatamente o que é burguês e simplesmente
repita o jargão antigo. Mas já era hora de
modernizar. Talvez eu não saiba o significado.
Melhor socorrer-me no Aurélio. Vejam que curioso:

Burguês: s.m. 1. Indivíduo que se estabeleceu nos
burgos [v. burgo¹ (2)], e posteriormente nas
cidades medievais em que estes se transformaram,
e que se caracterizava pelas suas atividades e
por não exercer trabalho braçal ou artesanal. 2.
Membro da burguesia (1): Chama-se O Burguês
Fidalgo uma célebre comédia de Molière. 3.
Deprec. Indivíduo sem elevação ou largueza de
idéias, apegado a valores materiais, a hábitos e
tradições convencionais: Artista de vanguarda na
juventude, com a idade se transformou num burguês
empedernido. Adj. 4. Pertencente ou relativo a
burgo¹; burguês (1), ou à burguesia (1 e 2). 5.
Próprio da burguesia (1 e 2), ou de burguês (1 e
2). 6. Deprec. De gosto duvidoso, ou de mau
gosto; vulgar; com pretensão a requintado: "Um
gatinho faz pipi./..../Encobre cuidadosamente a
mijadinha./Sai vibrando com elegància a patinha
direita:/- É a única criatura fina na pensãozinha
burguesa." (Manuel Bandeira, Estrela da Vida
Inteira. p. 105.)

Nada mais apropriado. O exemplo do significado 3
("Artista de vanguarda na juventude, com a idade
se transformou num burguês empedernido") cairia
como uma luva se fóssemos usar o sentido que o
nobre compositor deu à ofensa. Ou o público que
o foi assistir seria de mau gosto como no
significado 6?

Ou ambos? Ou não?

ÚÚÚÚÚÚÚ !!!!!!
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