Estou quase sem tempo de sentir saudades, mergulhado no trabalho que consumiu boa parte do meu carnaval. Mas, é melhor assim! A mente ocupada evita que as minhocas da vida invadam o nosso interior, corroendo o equilíbrio que deve presidir a nossa caminhada.
Entrei em contato com amigos sumidos há algum tempo, vivendo agora junto à Cordilheira dos Andes, cuidando de flores, que é um agradável meio de se ganhar a vida. Falaram, por e-mail, dos tempos de convivência nos Estados Unidos, das missas na Igreja de Santa Catarina de Siena, dos encontros na casa à beira do lago, que venderam para voltar ao Chile e deixaram tantas lembranças.
Outro e-mail recebido, vindo de Fortaleza, de compadres, falam de nossa filha, do netinho, de seus próprios netos e de dois filhos que moram distantes.
Sem falar que hoje é o aniversário de dileto amigo que está no Rio Grande, curtindo a casa de praia de uma das filhas, degustando bons vinhos.
Aí, de sopetão, aqui no silêncio do quarto do hotel, ocupando a tela do notebook, as luminárias,meu corpo inteiro, tudo, a saudade me veio visitar, trazendo-me o rostinho saudável dos meus netos, os meus filhos, meus pais, como se não houvesse uma distància enorme entre nós: eu, aqui na solidão do Planalto Central, no horário brasileiro de verão, nove e meia da noite; eles, lá em Fortaleza, a maior parte, e o mais novo, no Golfo do México, em Corpus Christi.
Não demora muito, irei dormir para começar tudo de novo, esperando que o computador do meu gabinete do TST seja mais camarada do que hoje e não me obrigue a trabalhar duas vezes num mesmo voto.Bem, amanhã é um novo dia. A alvorada em Brasília é uma festa de luz e cor, é como se a natureza se engalanasse toda para celebrar a vida.