Depois de algum tempo vivendo distante, bate no peito uma saudade mansa, daquelas que só machucam de vez em quando, deixando a gente cismando longamente, pensando em tudo quanto ficou para trás, nas dobras do tempo, nas fímbrias do passado: um rosto, uma voz, um abraço, um aceno, um cheiro, uma música, um raio de sol, um luar, um coqueiral farfalhante, o sotaque arrastado e gostoso do povo da minha terra,meus filhos, meus pais, meus netos, os amigos,meus irmãos, uma jangada audaciosa cortando os verdes mares, o céu de anil...
E eu aqui, trabalhando como um mouro, descobrindo novas forças que cuidei adormecidas e, de repente, retemperaram como nos velhos tempos, como se eu fosse aquela mesma pessoa do início da carreira.
A saudade mansa nunca mata, apenas nos deixa meio que sonhando, meio que acordado, vivendo com um mpé no hoje e outro no ontem, com a certeza de quem vai, com coragem e disposição, enfrentar o amanhã.