Vi a pouco um casal de amigos que fazia tempos que eu não encontrava. Ele, meu amigo de adolescência e de porres homéricos: fanta uva (ai) com vinho (ui) e vomitar a biles no outro dia; ela colega de aula. Começaram o namoro ainda quando fazíamos o segundo grau. Contabilizando as três vezes que repeti o primeiro ano do segundo grau, mais o ano em que fui expulso da escola, mais um ano de curso pré-vestibular e mais os 3 anos de universidade, é, temos um tempinho considerável de namoro deles.
Como não poderia deixar de ser, eles são um casal normal, e, a não ser que você seja um mentiroso compulsivo, provavelmente já agiu ou age como eles: como todo casal normal, ama, ri chora, briga e até separa (sic). E como alguns outros casais, bastante normais também, Ã s vezes brigam, separam, mas depois de um tempo, voltam a ficar juntos:
- Ah bênhe, precisei dar práquele surfista que só usa mocassim, não sabe dar nó nos sapatos, prá descobrir que te amo mesmo!
- Sim amor, eu também notei isso depois que comi tuas duas melhores amigas.
- Ai amor, a gente se ama mesmo né!
- Sim meu bem.
Dando de metido na história deles, acho que nem voltam por se gostarem ou por se odiarem, mas sim pela impossiblidade de um ver o outro sendo feliz fora da relação. Notei isso naquele dia, tomando um chopinho de fim de tarde com o Manél. Olhávamos uns regos suados caminhando pela rua e fazíamos, entre gargalhadas, um pouco de poesia à s meninas que passavam: "vou botar nesse borózão até sair caroço de feijão" e lirismos afins. No meio do sarau literário (eu sei que é fashion falar em sarau), ela ligou prá ele. Briga e fim de chope: "sabe né mano, sou filho único, se eu perder esse trem que sai agora..", ele falou enquanto deixava 5 pila prá pagar os chopes dele. Foi impossível não ouvir o papo deles, algo no gênero: "o que tu está fazendo e com quem tu está, hein Manééééel?", ênfase no Manél, entoado alguns decibéis acima do recomendado pela OMS.
Tudo bem, o cara foi embora e deu. Mas, (ui) dado à semioses que sou, interpretei o diálogo a minha moda:
- Tá feliz meu amor?
- Sim minha linda, muito.
- Ah não tchê, tu sabe que te proíbo de estar feliz sem eu por perto.
- Ai amor, é só um pouco.
- Não quero saber, trate já de ficar triste. Deusmelivre eu saber que tu anda feliz!!!
Ia falar algo prá ele na hora, sei lá, achei melhor ficar na minha. E depois as pessoas são assim mesmo.
Em 95% dos acidentes de relacionamentos, a falha é mesmo humana. Se puder, não se envolva com humanos.