A mentira é o mal mais necessário da humanidade. Mentimos dezenas de vezes ao dia. Talvez centenas, se tivermos inspirados. Já estamos tão acostumados que nem percebemos. Já imaginou se todos os seres humanos fossem cientificamente incapazes de mentir? Seria um caos inda maior que se esse outro mal, que são as religiões de massa, não existissem. As guerras seriam piores que essas guerras de mentiras. Seriam as guerras da verdade. É mais fácil engolir uma guerra de mentira, como a guerra de Bush, contra um inimigo invisível, supostamente perigoso e com as já famosas e inexistentes armas de destruição em massa, do que se Bush viesse a TV dizer que vai invadir o Iraque porque quer petróleo, porque é realmente um egocêntrico megalomaníaco depois de uma alta avaliação consciente no psicólogo ou porque quer manter o povo americano sob constante sensação de perigo porque assim é mais fácil controlar uma sociedade estúpida com medo porque assim aceitam as guerras e seus absurdos mais facilmente, e fora que por isso consomem, consomem, consomem movimentando a máquina materialista voraz americana.
De qualquer jeito, assim como a mentira, a verdade pode ser devastadora. Na verdade, a maioria das vezes que a verdade aparece é quando ela não vai fazer mal para o locutor e/ou para o escutador. Igual quando você vai numa festa e no dia seguinte sua namorada pergunta como foi e você diz que foi mais ou menos, que estava cansado e que estava meio vazio. Mentira. Imagina se você vira pra ela de diz que estava muito boa, que tinha muita mulher bonita, que conheceu umas 2 o 3 beldades e que realmente quis beijá-las, mas só não beijou porque nenhuma te deu bola. Daria certo o namoro? Ou sua mãe te pergunta o que você andou fazendo a tarde. Aí você diz que foi na casa de um amigo jogar vídeo game. Mentira. Imagina se você vira pra ela e diz que na verdade fumou maconha o dia inteiro depois de ficar rodando com o carro dela atrás de fumo e acabou tendo que ir à favela pegar com o mano e que no final levou bica porque o fumo era ruim pra caralho. Ou uma coisa mais simples. Alguém na faculdade te pergunta - tudo bem? - aí você diz que sim rapidamente pra acabar a conversa sobre isso ali mesmo, mas na verdade não esta tudo bem porque andam acontecendo umas coisas ruins por aí.
Mentimos para nos proteger. Mentimos porque podemos. Mentimos porque quase nunca somos capazes de compreender a verdade. Gostamos que os outros mintam pra gente. _Como você está bonita hoje! Então, foi mal, não vou poder ir porque hoje tenho o casamento da tia, do cunhado, do irmão da minha vizinha. Professora, você não vai acreditar nessa história...mas ela acredita porque quer, porque aceita ser enganada, é mais fácil que dar um Zero no trabalho que o cachorro comeu pela terceira vez só nesse mês. É só ter uma desculpa que a mentira parece verdade, mas, por favor, não se pode gaguejar.
A mentira habita nossa boca. Sempre está pronta para sair. Cheia de artimanhas, de gestual, de caras sérias, Ã s vezes até lágrimas pra fortalecer inda mais a mentira que pede isso no momento pra ficar mais "verdadeira". Por isso gosto de escrever. Diminuo consideravelmente a mentira. É realmente uma arte menos mentirosa que a arte de falar. Diminui caras e bocas, olhares de piedade ou de indignação, gestos espalhafatosos ou de "sinceridade", entonação de voz, atuação digna de Oscar, etc...mas não pense que todas essas linhas são verdadeiras. Assim como na fala, a escrita também é repleta de retóricas, e pra convencer, a mentira é quase essencial. Não é? Então me convença sem exageros, sem mentiras...
Como alguém pode prometer o impossível, já que o impossível deveria ser impossível até de se prometer?