Ontem, as 10 da manhã, encostamos o carro eu e o Nelson, na Mercearia e Confeitaria Árabe - tradicional comércio da família do " seu " Michel, aqui na Morena, aí na rua Sete. Um local em que todos os apreciadores dos quitutes árabes ( quibes - em todas as vertentes, coalhadas secas, doces - para todos os gostos, infinidade de patês...) só de lembrar fico com água na boca...
Claro, lá estavam o Mário João Domingos, meu professor de Direito do Trabalho, há mais de 33 anos, que foi lá colaborar com o governo - comprando cigarros. Estava, também, o Donizete, irmão maçónico do Nelson. Ele, como nós, foi render um tributo ao deus da gula.
Mas, falarei de uma pessoa - que estava encostada no balcão e que me chamou, pelo nome:
- " Delasnieve!" .
Olhei rapidamente - porque com este nome só conheço uma pessoa neste mundo de Deus: eu mesma!
Pois a pessoa continuou:
-"Delasnieve! Quanto tempo! Você ainda esta com escritório na Padre João Crippa? - Sabe ( ele continuava falando...) ontem recebi um e-mail de um amigo com um lindo poema teu... Guardei!"
Fiquei aparvalhada olhando nos olhos da pessoa - rogando a todos os santos para que me dessem uma chance e eu pudesse lembrar o nome... mas qual!
Claro que nos conhecíamos - ele sabia meu nome, meu endereço... mas eu não sabia e não sei ainda quem é ele!
Falamos de amenidades, tempo, poesia, programa de TV, até do Lula... e eu não lembro dele!
Fiquei totalmente desconcertada pela falha da memória... não sei quem é o tão gentil amigo!
O seu nome, a sua lembrança, desapareceram como uma folha largada ao vento!
É um sinal!
É o início de uma fase que não passará.
Deve piorar.
Foi um momento terrível. Sou gabola de minha memória, de minhas lembranças...
Era!
Perguntei ao Nelson:
" Você sabe quem é aquele moço?! " - Ele não sabia.
É duro admitir... Mas os sinais estão aí - evidentes, apenas não os tinha reconhecido ( hora certa pra isto e aquilo, comidinhas antigas, dando conselhos, enchendo o saco dos filhos, mimando além do devido os cachorrinhos... etc e tal...)
Foi tudo tão rápido!
Ainda, parecia ontem, que eu corria pelas pradarias... ou não?!
Pegava goiaba no pé... Tomava sol no galho mais alto da mangueira... ia no mangueiro... brincava de " pique " no colégio... de roda com a meninada da vizinhança, a noitinha,; depois ( bem mais tarde - falo de idade...rsss ) ia nos movimentos estudantis... políticas, bailinhos, namoricos...
Inda lembro - estão fresquinhos na memória...
Mas não sei quem é o homem com quem falei ontem na Mercearia do Michel...
O tempo me cobra o tempo... Mas tenho bom humor - e num jogo de xadrez com minhas lembranças darei o cheque-mate...
Ou não?!
Que complicado somos nós, os seres humanos - quando nascemos já caminhamos para o fim.
ÑE´ÊRYRU!
Delasnieve Daspet
18-04-05 - 18, hs
Campo Grande MS