Há muito tempo deixei de ir a Igreja. Nasci católica. Desviei-me. Voltei-me mais ao lado espiritual.
A Igreja não mais preenchia meus anseios. Ela ficara muito distante envolvida em politicas e politicagem. Assim pensei durante anos.
Sempre acreditei que a Igreja devia, sim, buscar esclarecer a mim e aos outros - o mistério da Fé.
Cristo - para meu pensar era mais um exercício futurista. Não gosto de pensar Nele no passado.
O meu Cristo, para mim, era como um Ser que eu gostaria de conhecer, de encontrar.
Acho mesmo que é mais uma busca que um encontro. Mas para buscar e encontrar tenho de trilhar o conhecimento.
E foi nesse momento que a igreja se distanciou de seus fins. Deixou de apacentar almas. Deixou de cuidar do imaginário.
Falo de carteirinha... Fui cruzadinha, filha de Maria, catequista, fiz palestras, fiz o cursilho, cantei em corais, casamentos e natais...
A Igreja que eu precisava não mais existia... Ela coloriu-se de matizes que eu não entendia, não mais polia os espiritos, envolveu-se em tantos assuntos que não falavam a alma.
Não, Ã minha!
Eu penso em Cristo - como em Alguém que eu possa confiar plenamente, como num Pai.
Por exemplo, quando você quer algo, voce pede, toma e nem sempre agradece. Uma oração nem todos fazemos - é como se tivessemos vergonha de crer, vergonha de pedir, vergonha de confiar, vergonha de dizer... Medo que te achem piegas.... Não temos coragem de assumir nossas crenças.
Eu peço todos os dias, converso, confio, brigo, clamo, choro, canto, e escrevo, e falo, e conto, é meu testemunho de amor e que me faz bem.
Outro dia, meu filho acidentou-se com a sua moto. Quebrou-se todo. Quebrei-me, também, de preocupação e dor. Mas estamos vivos.
Na hora da cirurgia - no calor da preocupação - olhei pela janela do hospital e vi uma nesga de sol entre a chuva da tarde... 14,30 hs do dia 9 de março - e a poesia de agredecimento veio pronta - coloquei-a no papel e fiz minha homenagem, rendi minhas loas, pus meu coração em versos a Quem me entregava de volta meu menino, lindo e vivo!
Foi meu canto de louvor ao Cristo que encontrei na nesga de sol da janela... E desde esse dia entendi que não existe barreira entre eu e Cristo. Sou sua irmã. Sou sua filha. Sou sua amiga.
Sou um ser cheio de falhas. Claudico. Sou humana. E nos meus erros e acertos me renovo todos os dias.
Por isso tudo gostei do novo papa. Ele crê na Igreja como um templo de fé. Não uma casa de show. Ele crê que é sim, possivel, a comunhão do ouvir, do sentir, do dividir, do doar, na busca da Verdade.
Na missa de domingo, ouvindo o Bento XVI reencontrei-me com a Igreja que sonho.
Pode ser uma utopia em meio a tantas outras... Mas o voltar ao sagrado, cultivar o espiritual, nos torna libertos e originais na fé.
Levando a sério os valores humanos e divinos... E com esses valores partilhar a esperança!
Partilhar a vida e seus encantos.
Vida longa, Bento!
Delasnieve Daspet
Campo Grande MS
25-04-05
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