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Cronicas-->Eco -- 26/06/2005 - 09:05 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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ECO !

De repente, você concebe a vida segundo o ambiente que lhe rodeia. Você se vê como uma estação de radiodifusão que divulga somente programas musicais. O público, nem que seja um só ouvinte, está sintonizado com você; sua língua não passa de uma agulha de toca-discos e sua cabeça é o DJ que aciona esta agulha para atender a diferentes pedidas musicais e, nos intervalos, para repetir propagandas comerciais. "Eu quero ouvir Frank Sinatra interpretando My life for you", diz o ouvinte, e você se põe a relacionar o disco e a acionar a agulha do toca-discos, logo em seguida. Entre uma pedida e outra, um comercial: sua língua repete citações e nomes de autores que sua memória gravou.
Você pode relacionar-se com as pessoas, por momentos, por um dia inteiro, por uma semana, por um mês, por um ano ou por todos os anos da sua vida, como se fosse uma estação de rádio; e sua cabeça pode funcionar, então, como um DJ, e sua língua como uma agulha de toca-discos. É fácil.
Em qualquer encontro com uma ou mais pessoas, você identifica as "pedidas musicais", os assuntos em pauta. Seu "DJ" vai rápido à discoteca (que é sua memória) e relaciona o melhor disco, a melhor interpretação e logo, logo, sua língua já estará discorrendo sobre o assunto em pauta.
Sua "discoteca" pode ser a mais evoluída ou a pior da cidade, mas não importa. O seu público, idem. O importante para você é proceder como sua "organização", como ela vê o mundo, para "se sustentar" e conferir "dividendos". Afinal os insumos de que você dispõe para elaborar os seus diferentes produtos foram armazenados e conservados com "imenso sacrifício", e tal estoque tem que ser aplicado em todas as situações, sob pena de se tornar perecível em pouco tempo.
Novos produtos e novas exigências do seu público estão sempre surgindo e o que cabe a sua "estação" é manter-se atualizada, isto é, adquirindo novos discos lançados do mercado, e atender às novas pedidas dos seus ouvintes. E, assim, seja em casa, no clube ou no seu trabalho, ou onde você passa a maior parte do ano, sua vida se transforma numa "vitrola".
Claro que, em alguns raros momentos, você "sai do ar" e tem alguns lampejos de individualidade, de emocionalidade, de mortalidade, de fragilidade, de espontaneidade, e de vulnerabilidade. Você, nesses piques de luz, procura cursos, de pequena e média durações, que possam te ajudar a se desenvolver, a descobrir o seu verdadeiro "eu", mas, pouco tempo depois, você se pega atendendo aos ouvintes...

Às vezes, sua "estação" faz inovações. Em função de uma "pesquisa de mercado", você lança programas de debates em seu interior e passa a levar em conta o juízo de vários debatedores para suas participações no relacionamento humano. Esses debatedores, em geral, são as pessoas que você mais admira ou odeia e que constituem-se em paràmetros para sua nova conduta. Você procede como eles, fala como eles, lê os livros que eles lêem e erra ou acerta como eles. Mas, sua vida continua como uma "estação de rádio". Os públicos continuam nas suas exigências, cada vez mais sofisticadas, e você continua a atendê-las. Afinal, é o que você sabe fazer e faz bem.

Mudar "de ramo" poucas vezes lhe passa pela cabeça. Além dos predicativos de toda informação, que você domina bem, em cada situação, você foi adquirindo pertences cada vez mais modernos para seu conforto. Você não precisa mudar "de ramo"... Sua vida é plena, sua família vai indo bem e seu time está ganhando; você ecoa bem, é um "não se mexa".
Eu fui você ontem, mas meu Eu está um pouquinho melhor do que você de ontem, bem pior do que meu Eu de amanhã. Porque ser eco é altamente enjoativo. Porque já dei conta de que os discos cederam lugar aos CDs e, estes, aos DVDs. É tempo de crer para ver, tempo de silêncio maior, tempo de ouvinte que não se contenta com apenas os sons, mas, também, quer distinguir os gestos, os movimentos, os contrastes, as metáforas e os paradoxos.




Com os cumprimentos do Tim,
crente em ressonància magnética aplicada às letras,
filho dos diários associados e
servo do som da pesada.

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