A menina do bar da esquina se tornou uma inspiração tamanha pra mim que não consigo mais controlar minhas palavras, e como que tendo vida própria usam minhas mãos pra dizer pra ela que quando com ela tudo é mais sensato, mais incrível. Enquanto que na cama escutamos Ben Harper cantando "She´s Only Happy in the Sun", imagino o que de dentro do seu coração se prende e não diz, cala-se em sua introspecção, resignado num parecer de medo que tento de todos modos fazer-se desaparecer e a mostro dizendo, fazendo, calando que a quero feliz e hei de fazê-la assim, de um jeito ou de outro.
Às vezes tenho vontade de protegê-la do mundo que sua beleza é demais pra ele. E quando longe lamento essa distància bruta que nos amortece os corações. Queria saber escrever tão bem quanto seu escritor favorito pra dizê-la tudo o que quer escutar sem pisotear, claro, o que sempre quero dizer. E digo, ou tento, talvez consigo, e nesses momentos em que cora seu rosto e ela sorri tímida de lado, fugindo de meu olhar profundo é que me vejo entregue, desarmado, sem filosofia, na superfície de peito aberto e raso. Ela disfarça, precipitando um gole de cerveja entre minhas palavras tortuosas que buscam um caminho pra dizê-la sempre e infinitamente muito mais do que calo. E se calo é porque me faltam palavras pra descrever meu estado poético, que como submergido num instante eterno me encontro nesses momentos diversos; isso tudo, somente com ela!
Agora escuto "The Long and Winding Road" dos The Beatles e sinto-a tão perto que olho ao redor na ànsia de encontrá-la ali, deitada na minha cama com o rosto no travesseiro, coberta até o pescoço porque faz frio, tão bela quanto és sem esforço, pequena e protegida do mundo, sorrindo pra mim todos seus sorrisos, esperando eu terminar essa crónica pra colocá-la em meus braços e dizer algumas coisas em seu ouvido. O que teria eu pra dizê-la senão somente coisas lindas...
Mas, de fato ando tão sozinho ultimamente, absorto em meu confuso estado de vigília permanente pra não enlouquecer diante dos humanos que hoje meu momento mais sublime está sendo agora, em que tento dobrar e domar as palavras arredias pra dizê-la tanta coisa que não sai que até me bate uma sensação de incompetência, mas também de ternura e esperança. Se fosse tão fácil apenas dizer tudo duvidaria de sua grandeza. Mas sinto que vez sou tão completo, vez só fumaça que dissipa no ar e some sem deixar pra trás qualquer vestígio de passagem.
Aquela noite, menina, foi a magia que faltava em minha vida, e nada mais peço senão somente mais 1 milhão delas. Seria possível? Impossível, sei que não. Você, tão frágil em seu covil introspectivo e eu tão afoito em meu mundão inconsequente. Acharemos o momento e a dose certa pra todos nossos anseios, e sem pressa, como já disse, encontraremos em um pequeno gesto um mundo inacreditável de beleza e harmonia; que já começamos a descobrir.
Às vezes desapareço por um tempo, só pra fortalecer meu coração que, pra respirar aliviado, pede esporádicos isolamentos. Sou daqueles que por muito pouco quebra vidraças de "casas burguesas" só pra ter motivos e enredo pra escrever, sorrir, seguir, simplesmente ser. Seguirei com você, menina que possui dentro dos olhos algo fascinantemente indecifrável enquanto somente e simplesmente humano. Uma beleza que desprende de você tomou conta de meu todo e completamente anestesiado de encantamento me fortaleço a cada pedaço de lembrança tua que me toma a consciência e que me sobressalta sem avisos num arroubo sufocante de enlevo e ternura.
Você sempre diz que não merece minhas palavras. Então, me diga menina, o que mais posso te dar senão somente e sempre todas as minhas palavras?
