Vivo a 25 anos com medo de Deus, pois tudo que faço na
minha vida sinto, intensamente, Seu olhar repreensivo e bisbilhoteiro
por cima de meus ombros, obrigando-me a fazer sempre a pergunta: será
que é certo? Ou: o que será que Ele vai achar? Acho que é isso que
fode o intelecto, as genialidades, criando correntes pra aprisionar a
desobediência obrigatória intrínseca em quase todas as representações
artísticas que se preze. Mas no fundo acho que Ele não está nem aí pra
mim, pra você, pro pato idiota na lagoa, sabe porque? Porque, com
certeza, Ele não é um velhinho de barba branca e hirsuta que fica
sentado confortavelmente em alguma nuvem anotando em seu extenso
caderninho comovente, óh, nossos erros e acertos pra depois, no
purgatório questionar-nos sobre nossos atos. Toda essa estupidez
intragável cessa a partir do momento em que se põe a cachola pra
funcionar. Simples assim, óh (estalei os dedos). Isso tudo é fruto de
ideologias de fim, de vida, conduta, pós-morte, etc... criadas pelas
religiões que amedronta e manipula os crentes obrigando-os a viver sob
um manto de medo e privações.
Religião é uma das formas mais necessárias, antigas e
estúpidas de manipulação de massa. E inventada pelo ser humano, que só
por isso já se torna falha e incerta. Mas como já disse, é
infelizmente necessária, senão o caos, provavelmente se instalaria.
Mas, de fato, a partir do momento em que se pensa por si só,
libertando-se das rédeas invisíveis e hipócritas criadas pelas
religiões, toda essa Estória cessa e fica até engraçada de tão banal.
É compreensivelmente fácil se entregar à s mentiras religiosas, porque
vivendo sob seu manto de inverdades a vida se torna mais fácil de ser
vivida e a solidão estelar e a solidão do vazio da verdade real são
preenchidas por mentirinhas ditas por aí por alguém qualquer.
Muitos se matam por simplesmente acreditar numa mentira
diferente da mentira que o outro acredita. Eles se esquecem de que
ambos são enganados e que o mais correto a se fazer seria juntarem-se,
depois de umas goladas de cachaça e blasfêmias divertidas, e doarem
para biblioteca da cidade o Alcorão e a Bíblia para serem colocadas na
seção de Ficção Meia Boca ao lado de Harry Potter. Porque pra mim uma
pessoa dividir o mar vermelho nada mais é que uma Estória de ficção
tal como um bruxinho de 15 anos babaca e chato. Ah, como são
criativos...
É até ambíguo, mas graças a Deus me livrei disso há muito
tempo. Não deixo de acreditar, mas sempre e obviamente da minha
maneira e não abro mão disso. Não preciso de muleta religiosa e
inverdades ditas por padres, pastores, bispos, etc... pra alcançá-lo,
mesmo porque Ele está por aí, sempre por perto, na minha altura, me
dando a possibilidade de ser eu mesmo sem medo de punições por falar
palavrão, roubar pêra no vizinho ou escrever essas baboseiras, que por
mais baboseira que seja, para muitos, tudo saiu de minha mente depois
de simplesmente pensar com a própria, e não foi entulhada na minha
cachola por alguém qualquer por uma lavagem cerebral com, em muitos
casos, dízimos mensais, ainda por cima.
Acreditem no que quiser, da maneira que quiser, criando
suas próprias leis, calcando seu caráter sob as suas verdades que,
acreditem em mim, você também irá pro mesmo lugar que todo mundo, e
que esse lugar, provavelmente é o mesmo lugar que você estava antes da
vida. Será?