Aí eu fiquei ali parado, olhando o pássaro do asfalto, indiferente ao clamor do tráfego intenso da hora do "rush". E pensei na sina das criaturas, como cada um de nós nasce com a rota mais ou menos predeterminada, uns com o bumbum virado para o lado claro da lua, lampeiros, sorridentes, desafiando o calendário com as suas coisas muito certinhas, desconhecendo o lado "dark" da existência: outros, em grupo mais numeroso, abatidos pela lida da vida, conhecedores profundos das tristezas individuais e coletivas, golpeados pelas vicissitudes e pelas intempéries, com raríssimos momentos de alegria. É o contraste deste imenso teatro onde a humanidade encena o espetáculo da vida, o grande e interminável espetáculo da vida.