Tempos modernos, eu em completo tédio no quarto de um prédio. Floriano Peixoto, Galeria Moreira, Gonzaga, Santos, minha casa.
Ouço o mar rugir lá fora, praia impoluta, parte de minha vida, parte de meu coração. Ouço buzinas na Praça da Independência; risos, gritos e vidros se chocam no barzinho lá embaixo sob a vigília de meu gato Beto que se equilibra na janela. A gata Tina, mais fiel, aninhada está entre minhas pernas, sonhando talvez, com o gato que nunca teve.
Trabalho de forma extra hoje, em pleno sábado, Ã s oito horas no planalto. Pegarei neblina na subida? Comboio? De certeza, apenas o extorsivo pedágio na volta e o banco do carona vazio. Mas não será apenas o banco. Tudo em mim anda vazio. Aliás, minha vida é um clamoroso e extorsivo vazio.
E lá ela ficará, sei lá para quê. Espantoso como nunca nada sei. Talvez ficará para publicar uma foto sua em seu blog, fotolog, sei-lá-o-quê-log. Sei-lá-de-quem-blog.
Sábado mais besta. À noite uma caminhada pela orla, me lembrando de momentos felizes que hoje me fazem infeliz. Resta apenas esperar pelo domingo, resta apenas esperar pelo jogo ( tudo, menos perder para eles ).
Estranho como as pessoas parecem tão perto e tão distantes ao mesmo tempo. Tão decididas e tão incógnitas. Antagónicas e sem coragem para que possam se prover da mesma. Talvez o apócrifo Evangelho de Filipe explique. Quem sabe o livro de Daniel, de longe o meu favorito. Nabucodonosor não faria estrago maior.
Seríamos dois indecisos, dois enganadores de nós mesmos ou dois medrosos? Ou apenas um bobão que caiu do camelo em pleno deserto e que agora vê as miragens da salvação?
Wagner -
Leitor, obrigado pelo prestígio de sua leitura. Por favor, deixe sua avaliação para esse texto, seja ela qual for,para que eu possa ter paràmetros para melhorar. Obrigado.
