A última coisa que quero pra mim é essa insossa paz interior. Principalmente essa paz interior mentirosa que se prega por aí através desses poderosos controladores de massa chamada igreja, televisão e antidepressivos. Quero continuar com essa chama que arde e que queima, que irrompe dentro, forçando-me a agir, a contradizer, a reinventar, a refazer e refazer. Tem gente que se entope de remédio pra acalmar o que de dentro inflama, congelando a chama que arde e que nada mais é que o fogo da revolução. Indo religiosa e calmamente aos domingos na igreja ouvir que você só tem direito a paz interior porque um cara há 2 mil anos atrás se matou por nós. E enchem o buxo de drogas farmacológicas pra se estagnar numa calmaria aparente, acorrentando as mãos e a mente, criando assim seres que não agem, perfeitos pra serem manipulados, apenas bonecos de auditório, enquanto a sociedade aplaude suas apresentações de mediocridade e você se acha assim legal por isso. Eu não, eu prefiro a dor, a reviravolta interna que me move, me capacitando e me fortalecendo e nunca me tornando o que querem que eu me torne, somente um estúpido mais um.
Meu orgulho é minha angústia. O que me move é minha angústia, e sem ela nada se faz, ou se faz apenas o que se tem de fazer, nunca indo além, nunca saindo de redoma de vidro invisível que nos prende fechando à chave as portas de nossa percepção, nos tirando as pernas e a visão, enchendo nossa cabeça de merda manipulada, moldada, pré-fabricada, digestiva e aparentemente saborosa. Por favor, pare com os remédios, o que eles querem é te impedir de questionar, propondo-lhe um bem estar aparente mas que emburrece, propondo-lhe uma sensação de calma que nada mais é que o começo da manipulação fazendo de você ao invés de leão um cordeiro, ai invés de uma águia uma galinha. Se eu tivesse paz interior não tentaria ser escritor e sim escrivão, se eu tivesse paz interior não tentaria ser filósofo e sim padre ou apresentador de TV. É isso o que me move, me faz correr atrás, tentar modificar talvez num surto de altruísmo egoísta, por querer mudar o mundo pra conseguir continuar vivendo nele, mas nunca indicando Prozac, Deprax, Luvox, Lexapro. Porra, como confiar em remédios que mais parece nome de personagens de Guerra-nas-Estrelas? Porque altruísta egoísta? Bom, altruísta por querer ajudar os outros e egoísta por querer me salvar a pele. E a contradição é a alma do negócio.
Por favor, vamos reagir, não aceitem facilmente o que eles querem de todos os jeitos embuchar em nossas cabeças. Sei do vazio que 90% da população possuem dentro da cabeça, preferindo assim a merda dos outros por não ter capacidade de produzir sua própria merda. Mas pelo amor de Deus, não entupam suas cabeças, sendo ela vazia ou não, com remédios que diz possuir salvação elétrica que falta entre os neurónios. Pode até ser que quimicamente isso ocorra e não duvido, mas os questionamentos serão os mesmos, entorpecido por drogas de laboratório ou não. Não vai estar tratando da causa e sim somente da consequência. Enganando-se. Maquiando bem estar onde havia mal estar. Mas como toda maquiagem que se preze o fim será inevitável e provavelmente borrado ficarás porque maquiagem só nos faz mais belos para os outros, mas quem usa sabe que debaixo dessa maquiagem de feliz e bem de vida existe o verdadeiro você.
Seja você mesmo, do jeito que és sem frescura pra mostrar pros outros um sorriso que no fundo é triste. Corra atrás de sua angústia porque somente assim encontrarás sabedoria. Não fuja dela, corra atrás dela, nunca a deixando ir muito longe, porque é com ela agarrada ao pescoço que buscamos resposta, fazemos perguntas. Mas se queres apenas ser feliz mesmo que seja de forma mentirosa, se entupa de remédios e babe na cadeira da sala esperando porra nenhuma, enfiando goela abaixo um remedinho à s 7 da noite pro dia seguinte nascer mais feliz.