É direito de cada um de nós professarmos a fé religiosa que nos aprouver. Isto é bom porque talha para cada um o seu destino, livre das imposições religiosas do passado.
Mas, acabamos por indagar dos direitos de cada um para as religiões ou seitas que levam ao fanatismo. É legal juridicamente ser fanático? Ou a lei apenas reprime as consequências? Se conhecemos as consequências funestas do fanatismo religioso, por que não criamos leis que possam prevenir, orientando e advertindo as pessoas? Como descobrir um fanático.
Parece que o Estado não previne, tenta apenas consertar os desacertos dos fiéis a esta ou aquela religião. Foi o que aconteceu em recentes notícias sobre uma religião. O fanatismo levou um número muito grande de pessoas a acreditarem que o fim do mundo seria no dia 28 de outubro último. Só que não foi. O mundo continua girando, levando consigo uma humanidade cheia de problemas, de contendas e em permanente erupção política, económica e até religiosa. Isto quer dizer: cheio de vida. Mas, continua porque o Onipotente deseja que continue. Isto significa que por causa de Deus, essa religião vai perder uma lista enorme de fieis e de dólares...
Mas, a verdade é que o planeta tem cumprido o seu papel de morada das almas em reajustes. Assim como nossa casa, o planeta foi arquitetado e decorado para nós. Obra maravilhosa do Divino Engenheiro. Só que o avanço do progresso sem planejamento e avaliação do mal que se pode causar ao meio ambiente, está levando a morada a se transformar numa imensa lixeira. Cabe a todos nós a responsabilidade de melhorar esta casa, ainda tão bonita, tão esverdeada, tão azulada.
É uma preocupação própria de quem muito deve à Justiça Divina, o fim deste mundo. Imaginam ser este final a destruição total do planeta, ou a morte de todos em cataclismos gigantescos. Cada um dentro de sua seita ou religião cria a imagem de um final irrevogável.
Estamos realmente em final de ciclo. Contudo, nenhum espírito que pise a crosta do planeta e imediações, conhece o tempo certo para este final de ciclo. Nem mesmo sabe se haverá final. O fato apenas de não existir a morte dá a certeza de não existir final. Pode haver o final de um ciclo evolutivo, para o início de outro. Isto se vê diariamente no comportamento da natureza. Às vezes nem se nota a mudança. Quando Jesus nasceu na Terra encerrou-se um ciclo e deu-se início a outro.
Uma coisa é certa o Pai não destrói a sua obra e muito menos o seu filho. O desejo Dele é que o filho querido progrida, melhore, evolua para usufruir o que muitos já usufruem: a vida na sua forma eterna e universal. Para chegar a esta insigne posição, aos pés de Jesus, por exemplo, o homem atual terá milênios de aprendizado. Pouco a pouco, entre as alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades sublimes, indispensáveis à ascensão e que, no fundo constituem as virtudes do Cristo, progressivas em cada um de nós.
E para quem já possui uma ínfima porção dos infinitos dons de Jesus, dentro de si, isto é, um cristão fiel ao Evangelho, não conhecerá nenhum final. Isto porque afinal nosso Pai não é Pai de mortos, mas sim de vivos. E para sempre vivos.
(Jeovah de Moura Nunes)
(publicado no jornal "Comércio do Jahu" de 10 de novembro de 1992 - terça-feira).