O ser humano é escravagista por natureza com muitas exceções é claro, abrindo o jornal de hoje deparei com a noticia que centenas de africanos foram abandonados no deserto do Saara sem água e sem alimento, isto não é escravidão, é assassinato. Quem acha que a escravidão acabou e tem tempo e dinheiro, deveria dar uns passeios por este imenso paraíso para poucos, chamado Brasil, e ver escravos de todas as etnias, raças, cor e de todas as idades sendo explorados por pessoas pobres cuja brutalidade foi moldada pela ignorância e pelo sofrimento, por pessoas ricas cujo deus é o dinheiro e por políticos sem escrúpulos que só precisa das pessoas de quatro em quatro anos. Verão as grandes fazendas de plantio ou de criação onde o escravo tem que comprar no armazém do dono, ou de um dos seus puxa-sacos para ficar sempre devendo e nunca poder ir embora. Estas fazendas cercadas por seguranças onde o boi e a soja tem mais valor que a vida de quem trabalha para cuidar do patrimônio do filho de uma égua que só vem para cobrar o lucro. Nas carvoarias cujo dono não tem coragem de entrar e nem permite que seus filhos fiquem expostos à fumaça que mata, o lucro á mais importante que a vida. Homens, mulheres e crianças mudam de cor até que o negro do carvão e o monóxido destruam completamente o seu pulmão e eles vão encontrar a escuridão da morte. Nas grandes e pequenas madeireiras que devastam a natureza, com a conivência das autoridades e dos políticos que moram em palácios achando que o mundo se resume no seu reduto cercado de grandes muros, cercas elétricas, alarme. Seguranças escravos da corrupção e do corruptor que lhes pagam o salário, com o direito de ficarem calados e não se meterem nos assuntos do contratante, muitas vezes este salário é pago com o dinheiro do contribuinte. Quem não tem tempo e nem dinheiro não precisa ir muito longe. Comece a olhar ao seu redor. Veja as crianças vendendo seus produtos nos semáforos para sustentar pais, irmãos ou padrastos alcoólatras e drogados que espancam, ou a miséria que a corrupção política não deixa erradicar. Converse com as empregadas domésticas que se transformam em objeto sexual de seus patrões ou de seus filhos para não perderem o emprego, ou com as que só podem comer depois que todos se empanturraram e se tiver sobrado alguma coisa. Muitas são dormem no quarto dos fundos onde os cães bem acomodados ladram para lembrar que são mais importantes. Observe também as prostitutas e prostitutos de ricos e pobres, de famílias ricas e pobres se vendendo caro para alimentar o vazio, de pessoas sem passado e sem futuro ou barato porque o corpo já não tem mais atrativo e a alma está cansada demais para repousar na paz que os eleitos pelo voto fazem questão de matar, e os eleitos por Deus se sentem impotentes e perdem a coragem de denunciar. Converse com os varredores da sua rua que estão alegres ou não com o salário, pergunte a ele quem é o dono da empresa, se ele souber verá que a maioria delas pertence a algum político e que a maioria dos empregados são cabos eleitorais de fato e de direito.Não deixe de dar uma palavrinha com os funcionários dos hospitais públicos e privados onde a escravidão é muito mais perversa e sofisticada por culpa da ganância dos empresários e da omissão dos administradores públicos que brincam com o dinheiro do contribuinte.Escravizar profissionais com formação acadêmica que não tem como lutar contra a falta de condições de trabalho, de material e de medicamentos que salva vidas, que vê o manto da morte cobrir vidas que poderiam ser salvas se a verba que deveria ser da saúde não fosse para o bolso ou para obras faraônicas, que aparecem e não são enterradas junto com um corpo cujo atestado de óbito não pode relatar a verdade. Esta é a escravidão mais cruel, porque a cabeça pensante tem que se educar para mentir e ficar calada e com o passar dos anos irem se “acostumando” com o exercício da profissão.Eu poderia ficar enumerando vários outros tipos e formas de escravidão, de donos de escravos como a maioria dos políticos do nordeste e do interior de todos os estados, verdadeiros donos de senzalas. Outra forma perversa de escravidão é quando o escravo se sente feliz ou se sente obrigado ficar indiferente ante as circunstancias, e abre mão da liberdade quando: É pobre e a família vive exclusivamente do seu trabalho e tem que suportar todas as humilhações a troco do salário de fome que o patrão lhe paga, como se fosse uma esmola aprovada pelo governo. Este é escravo do sistema.É pobre e se sente bem sendo um brinquedo de pessoas ricas que gostam de usar e humilhar, esquecendo que diante da morte e de Deus somos todos iguais. Este escravo assimila tão bem a vida do seu dono que já se tornou famoso, “comeu jiló e arrotou bife”. Este é escravo da comodidade. Tem um cargo importante dentro de uma instituição e precisa abrir mão das suas ideias e dos seus princípios, precisa ser discreto e obediente como um robô para garantir o emprego. Tem que atender o chamado do patrão, mesmo quando o filho ou a esposa implora por sua presença, esquecem até de Deus. Este é escravo por opção. Quando acha que é influente e popular e se torna cabo eleitoral ou assessor de um político corrupto que usa pobre como escada para conseguir se manter no poder.O pior é quando este escravo não tem nenhuma carência financeira e se sujeita a um sacana a troco de um salário que nada lhe acrescenta. Este é o escravo marionete.O pior escravo é o que se submete ao dinheiro e aí todos se igualam, donos e moradores das senzalas, que por causa do vil metal vendem a própria alma. Vou terminar com o maior reduto de escravos no nosso país: A construção Civil. Homens correndo de um lado para outro como formigas operárias cuja missão é suprir a colmeia. Chegar em cima da hora, simplesmente tira o direito de tomar o café com pão que certamente falta em muitos barracos dos construtores deste país. A tecnologia veio dizer ao trabalhador que ele precisa produzir por dois, do contrario um desempregado esta a postos para ocupar o seu lugar. O salário é o um pouquinho mais que o mínimo estipulado pelos políticos, que não acham que o próprio salário é uma afronta quem trabalha e mesmo assim passa fome.Voltamos no tempo e tenho certeza que um saco de cimento pesa mais que um feixe de cana de açúcar, que empurrar um carrinho de concreto é muito mais pesado que substituir o boi para puxar o arado. E os prédios vão ganhando forma. E os construtores de verdade, que colocaram bloco em cima de bloco moram de favores ou em cortiços e não consegue comprar o “sonhado” apartamento de brincadeira que os governos financiam. Moradias minúsculas que com certeza farão as famílias exercitarem do dom da paciência e a noção de espaço para compreenderem que duas pessoas não ocupam o mesmo lugar, guetos que enquanto novos dão impressão de “lugar dos meus sonhos”, mas com o rigor do tempo que não para, quando vier o tempo de reformar quantos terão salário ou emprego para arcar com a sua parcela? Teremos então milhares de prédios fantasmas ou simplesmente seres humanos morando em ruínas que um dia foi “o lugar dos meus sonhos”.
A senzala era mais aconchegante, todos eram irmãos.
|