No extremo das sensações fica muito claro; essa necessidade de sonhar. Porque vida é ilusão, morte é ocasião, onde todas incapacidades do universo escorrem, e se preparam para uma nova composição. Se, de sonho vivo e em sonho mergulho, faço então desse meu mundo uma eterna criação. Pois moldo sua face quando e como quero e nele não permito intromissão. Nascendo mau, transformo em bom, direciono sempre para o bem, quando é mal, porque não permito sobressaltos no meu coração. Da realidade não me distancio, porém; mesmo na sua estática rigidez, característica desse nosso mundo, tridimensional, permito então o contato. A hora na qual sempre reconheço o conteúdo do paràmetro, o esqueleto da equação. A coisa que prende a consciência na sua própria astúcia. Fazendo desse mundo um brinquedo de ocasião. Não, não concordo com isso, viver entre limites, embora respeitando as regras, deformo-as. No conceito, bem no caminho rarefeito da imaginação. Aonde construo a janela e a porta, e após isso o caminho que me leva sempre, ao lugar aonde o sol nunca se põe, e nem por isso a noite deixa de ser mais bela, simplesmente porque ela aqui não significa escuridão. O lugar aonde deito, entre flores que sorriem e cores que navegam na incoerência dos sentidos. Como se sentir aqui coubesse dentro do seu escopo. Não, não cabe, e tudo o que se sabe, não é, e nem chega perto da simples metade, de tantas maravilhas que existem, existiram e ainda vão existir. Porque se eu, tão pequenino, existo, sonho e crio, o que vamos dizer do momento quando Deus sonha, fazendo com que esse universo, nunca pare de se expandir.