Tem gente que prefere ganhar dinheiro. O que dinheiro pode proporcionar pra gente além de banalidades? A calça da vitrine, a casa dos sonhos, a puta barata, dois maços de cigarro ao dia, o suborno do policial, iptu da casa dos sonhos, que mais? Nada mais...
É tudo tão simples que a simplicidade transforma tudo em complicações. Luto por algo que está acima disso tudo, que está no invisível, esta sempre solta no ar. Dinheiro, ah, nada mais que papeis com desenhos idiotas que vale mais que tudo. Compra-se amor com ele, então é melhor lutar por dinheiro que por amor. Não consigo acreditar muito nesse poder estúpido. Tendo minha cerveja gelada, algo pra comer de vez em quando, um banheiro próprio pra pode cagar sossegado, uma cama velha pra dormir já me satisfaz, e o resto que o dinheiro pode comprar é resto. Um dia, quem sabe eu posso compreender melhor todas as coisas. Quem sabe compreender como se concerta vídeo cassete, uma equação de física nuclear e o poder do dinheiro. Enquanto isso sigo eu, morrendo de amor; tipo morrendo mesmo, literalmente...
Vocês não me enganam mais, submersos em sua ganància imediatista. Não caio nessa armadilha, não mais. Sou daqueles tipos romànticos, meio babaca, que acredita que nada é tão importante assim. Corre-se tanto atrás de uma graninha, mas deixa seu amor esperando na esquina, sozinha e vazia, enquanto seu bolso se enche de merda monetária que, juntando um punhado dessa tal merda compra-se a casa dos sonhos. Que adianta ter a casa dos sonhos se ela estiver vazia
Eu sei, vão dizer que sou radical, que é apenas a vida escolhida. Ok, tudo bem pra mim, eu escolhi outra vida que no final também é uma grande vida vazia. Tomara que eu consiga novamente preencher minha vida, não com notas, diga-se de passagem. No final a vida é nada mais que uma somatória de atos escolhidos, e por isso, cada escolha, mesmo que "pequena" se torna enorme se foi a escolha errada. E isso só o tempo dirá. E nada dói mais que escolhas erradas no amor e nos negócios. Perde-se a mulher da sua vida, e perde-se também um bocado de notas no bolso. O que importa mais? E se perderes os dois?
Os bancos, a TV e a sociedade em geral tenta nos obrigar a sermos pessoas corretas, pagando nossas contas, abaixando a orelha, fazendo que a máquina mortífera capitalista afogue o que de dentro arde. Nascer, crescer, trabalhar, cortar o cordão umbilical monetário da mamãe pra ela ficar orgulhosa, trabalhar, comprar casa, carro, portão eletrónico, trabalhar, viajar, pagar contas que devora 33 % do seu salário suado, trabalhar, se aposentar, e morrer com a conta no banco cheia de cocó inútil. Nos obrigando sempre ao sair de casa colocarmos a máscara rígida e insensata dos desistentes e que tentam ficar ricos pra morrer triste e velho e sozinho e se sentindo um merda.
Não, obrigado. Sempre fui contra a corrente mesmo, e isso confunde. Uma vez, aos 18 anos de idade eu fui na casa da minha paquera à s 4 da manhã, bêbado e apaixonado, e da rua, recitei Vinicius de Moraes (clichê) aos berros pra uma janela do sétimo andar de um prédio de luxo em Campinas. Isso dinheiro não compra. Mas também pra maioria não faz a mínima diferença. Eu era apenas um inconsequente idiota bêbado. Depois, levantei porque estava ajoelhado, e fui embora pra casa dormir pra no dia seguinte tudo voltar á normalidade que mata qualquer sentimento. O que ela achou? Ela chorou. Acho que ela também não quer ficar rica pra comprar a casa dos sonhos.