Lembro dos detalhes, daqueles pequenos que juntos constroem algo grande. E era tudo tão grande, ah como era. Sozinho o silêncio me sufoca, e perdido relembro milhões de histórias em minha cabeça. Pela estrada que andava ficou pra trás meu rastro e no ar, flutuando um aroma de leveza e ternura que antes era o amor em sua plenitude, e ele vai se despegando de mim lentamente. Minhas mãos fracas sustentam agora a brisa de pluma que é a vida, simples e rara, coisa linda, intacta, efêmera; mas assim, vazia. Sozinho, solto no mundo, moleque louco, dizem quase todos por querer mudar tudo. Mudo fico quando as palavras, que antes eram fáceis se perdem entre a consciência confusa e a boca que titubeia. Tudo é nada, mas nada quando se torna tudo, ah que dor me toma o corpo e me machuca como adaga que corta a carne trêmula e insensível.
O que fazer? Esperar passar, cego, encostado na minha própria covardia que foge da luta? Lutar, mesmo sabendo que depois de grandes derrotas, a próxima é só uma questão de tempo por simplesmente lutar sozinho? Puta merda, o foda é que não penso assim. Porque complicamos tanto, quando tudo é tão simples se consegues enxergar o futuro, mesmo incerto? Onde foi parar o amor, essa máquina necessária pra se seguir em frente? Mas como toda maquina, o amor precisa de combustível pra não parar o motor nunca. To leve de tão pesado. O carnaval está indo embora e como sempre, ele foi vazio pra mim, imagino que pra todos. Deles: beijos, bebida, música ruim, ressaca, bebida, beijos, música ruim, ressaca; vazio. Meu: camping, uísque, cachoeira, uísque, camping, churrasco, cachoeira, uísque; vazio. Será que é porque falta amor em tudo isso mesmo sendo prazeroso pra mim, pra eles?
Perdeu o encanto da vida, e ela ainda tão linda. E seu encanto está exatamente nos obstáculos que nos oferece como degraus pra subirmos em direção á algum lugar mais alto que o andar que estávamos. Eu subo sempre, as vezes caio, mas levanto e sigo firme em direção a puta que o pariu. Não importa muito pra onde vou, desde que siga em frente e mexa a bunda gorda do lugar. A estagnação do fracasso nunca tomará conta de mim, porque nasci pra vencer e venço sempre mesmo nas derrotas. Hoje o dia esta um pouco mais triste que ontem, mas amanhã ele voltará a ser novamente meu motivo de nunca desistir porque é no seu tempo que me construo, reconstruo. Não é tirando um pilar de uma casa que ela cai; nem sempre.
Tentei, lutei, fiz o que pude, mas essencialmente o que não pude fazer pelo fato de simplesmente não poder fazer tudo, que me derrubou. Espero que até as 8 horas da noite eu possa soltar algum sorriso besta. Sou craque nisso. Talvez eu lamente tudo no álcool como um poeta idiota. Não é assim que eles fazem? Mas não, normalmente bebo porque gosto, não por motivo nenhum, não preciso muito de motivação pra isso. Sem drama Thiago, e sem lágrimas também mesmo porque você está longe de ser um poeta.
É tudo uma questão de tempo. Covardes são os mesmos que matam o amor. Assassinos do amor. Meu amor tomou um tiro, e perdeu sangue, desesperado pediu ajuda, sufocou, buscou ar onde não mais tinha, e sucumbiu na sarjeta onde os foliões cantam suas marchinhas de carnaval.