Eu aguardava pacientemente, em restaurante da Avenida Atlàntica, a cerveja gelada, garrafa pequena, e os petiscos solicitados ao garçom.
Ao lado, uma jovem chamou minha atenção. Pensativa, cotovelos sobre a mesa, as mãos sustentando o rosto, mostrava-se distante do burburinho à sua volta. Tez clara. Cabelos e olhos castanhos. Bela! Muito bela! Belíssima!
O vestido branco, sem decote, estendia-se até a panturrilha. O par de sapatos, da mesma cor, tamanho trinta e quatro ou trinta e cinco, salto baixo, envolvia seus mimosos pés.
Servida, passou a alimentar-se com elegància. Os bons modos revelavam educação esmerada.
Ao notar que eu a fitava insistentemente, baixou os olhos encabulada. Procurei ser mais discreto, mas, vez ou outra, nossos olhos encontravam-se, desviando-se, logo após, para outros cantos.
Sua expressão facial demonstrara, até então, certa tristeza, talvez provocada por amor desfeito.
Não pude, contudo, conter o riso quando a vi socar, sem sucesso, o açucareiro à sua frente. O doce conteúdo grudara no recipiente, impedindo a moça de adoçar o café.
Longe de se irritar com meu ar divertido, mostrou-me os dentes perfeitos e lindo sorriso até então escondido.
Encantado, não podia permitir que ela se retirasse sem falar-lhe. Ali se encontrava a mulher de minha vida.
Ergui-me, portanto, e caminhei até sua mesa. A troca de algumas palavras só aumentou minha atração pela jovem.
Quando se levantou, ofereci-me para acompanhá-la até sua residência, alegando que uma dama não deveria, Ã quela hora da noite, caminhar sozinha pelas ruas de Copacabana. Aquiesceu agradecida.
Diante do prédio onde morava, no Leme, disse-lhe que desejava encontrá-la novamente. Não queria perdê-la.
Sem pestanejar, retirou da bolsa cartão de visita, onde avistei o prenome Michele e número de seu celular.
E antes que eu tecesse qualquer comentário, despediu-se exclamando: - São duzentos reais por uma hora de programa.