Linda menina, que possui dentro algo intacto, do bem, é de tal forma, digamos; zen, e eu, ah tão intenso e aquém. Por vezes tenho que me conter, pra em pleno amanhecer conseguir deixá-la me conhecer, assim como antes de dormirmos deixei. E nos entregamos tão intensamente que o prédio estremece, as luzes falham, a energia emanada é de tal forma cintilada que ofusca a lua que de cima silenciosa observa tácita e alva. E minhas mãos deslizam pelo seu corpo suave e percebo, contra a luz baixa a penugem de sua pele que se eriça ao menor toque, e seus olhos se fecham e a boca se abre levemente, assim sinto-a tão intensamente que tudo em mim se torna apenas um instante imaterial. E nossos corpos bailam uma dança profunda, sensitiva, sem quinas, só deslizes umedecidos pelos lábios, mãos, pernas, tudo...
E no momento leve do depois apenas nos olhamos com olhos baixos, sorrisos que se desfazem, e o corpo pesado afunda-se na cama inda em chamas, e os pés se tocam só pela sensação de nos sentirmos mais um pouco, mais um segundo que seja. Aí ela procura meu peito, e puxa meus braços pra se aconchegar entre meu coração disparado e meu respirar ofegante. São longos silêncios, talvez voltando pra materialidade. E o caminho é calmo e solitário, enquanto juntos e abraçados nos refazemos de tamanho deleite.
Espero que esses momentos sejam eternos, assim como as sensações plenas desse amor intacto. Não quero que, devido as banalidades da vida, esse amor seja afetado em qualquer nível de sua verdade. Temos que proteger nosso amor contra quem o desconhece, quem de tudo faz sem querer para que sejamos apenas seres terrestres, sem a nossa mútua viagem sensitiva a terras místicas. Amo-te assim do meu jeito, dizendo pouco, mostrando tudo. Nosso amor é quase todo tempo calmo e sereno, coisa que nem sabia que existia. E como é bom amar assim; calmo e sereno. Suponho que seja apenas a certeza. É bom te amar meu amor exatamente como nos amamos...
E quando distante, distraio-me relembrando todos momentos mágicos de nossos encontros aqui, ali, além. E no dia-dia somos amigos, brincamos, rimos, e eu fico fazendo piadinhas extremamente sem graça e você ri, acredito eu somente pra me agradar, porque realmente são péssimas piadas. Nunca fui bom humorista mesmo. E quando empreendo papos densos filosóficos de quinta categoria você me olha atenta, como se não fossem papos densos filosóficos de quinta categoria. E sentamos no bar pra beber cerveja, sempre entre beijos e carinhos que nunca cessam, enquanto o mundo a nossa volta vive suas vidas tão distantes dali. Apenas vejo-te, admiro-te, sendo meus olhos apenas refém de sua beleza.
E seu jeito de falar me entorpece. Enquanto meto uma faca de cozinha no peito e dilacero-me pra te mostrar meu amor, você tão calma e tranquila se expõe lentamente até sentir que mesmo distante, peculiar a você, sinto-a dentro de mim, minha linda e pequena princesa. E nesse momento, que não tarda, tão pouco finda me torno algo inexplicavelmente belo, apenas por ter-te. É o que quero amor, é apenas isso que quero.
No mais, te amo assim, até quando não te amo; jamais!