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Cronicas-->Na fila do Banco -- 04/05/2006 - 14:19 (Nezinho Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando eu o vi, na fila única do banco, já havia passado algum tempo desde que eu ali entrara.
Chamou-me a atenção o seu comportamento; parecia ser a primeira vez em um banco. Observava tudo com curiosidade infantil.
Aparentava ter entre 50 e 60 anos de idade. Vestia-se com simplicidade interiorana e trazia uma blusa de frio amarrada pelas mangas ao seu pescoço, o que lhe conferia um ar jovial.
Trazia, a tiracolo, um alforge de couro modelo detetive. A fila andava preguiçosamente. Estava imensa.
Chegou a sua vez. Dirigiu-se ao caixa indicado no visor digital, com um sorriso de triunfo nos lábios.
O caixa que o atendeu encaminhou-o para uma outra fila, formada em frente a uma mesa. Seu sorriso desaparecera por completo, quando assumiu o último lugar daquela fila. Trazia nas mãos os papeis que mostrara ao caixa, e que tirara do alforge, com cuidado, então.
Seu olhar já não percrustrava o ambiente como antes. Olhadelas eram arriscadas vez por outra.
Sua fila andou relativamente rápido.
Sentou-se na cadeira frente à mesa e estendeu os documentos ao atendente que, com uma rápida olhada devolveu-os, informando a ele que era na mesa do lado. Errara de fila.
Tivera que pegar o último lugar novamente da outra, que acompanhava a única, dos caixas, em morosidade no avanço.
Seus olhos, agora fixos nos bicos das botinas que calçava, denunciavam um certo desànimo. A vivacidade anterior cedera lugar a um misto de tristeza e frustração.
Embora a temperatura condicionada do interior do banco oferecesse um certo frescor, lá fora o sol ardia em chamas e, por se tratar, ainda, da primeira metade do dia, o calor excedia em intensidade.
E aquela blusa de frio?! Indicava, deduzi eu, ser ele procedente da zona rural e ter chegado muito cedo à cidade, quando a temperatura ainda era baixa. As botinas rústicas, mas novas, corroboraram minha dedução, aliadas ao fato de suas roupas obedecerem a um padrão não usual na cidade.
Mais um matuto, pagando um preço alto por sua ingenuidade, castigado pela dureza burocrática e frieza dos burocratas.
Entrei no último estágio da fila única, quando ele chegava à cadeira frente ao seu terceiro atendente àquela manhã.
Por entre as pessoas interpostas entre nós pude vê-lo ser despachado, mais uma vez, sem ver à sua volta.
Senti uma tristeza imensa e grande revolta com a sua situação.
Vi-o, ainda, seguir com os olhos a direção apontada por aquele atendente, e depois caminhar na mesma, braços pendentes ao longo do corpo, os papéis seguros na mão direita...
Diante do elevador falou algo para o "segurança" ali postado. Este indicou-lhe a escada, ao lado.
Continuei olhando-o, enquanto ele subia, pesadamente, as escadas para andares superiores.
Chegou minha vez. Fui atendido e saí.
O sol do meio-dia recebeu-me com todo o seu fulgor.
Até hoje penso naquele senhor e em seu périplo no interior do banco.
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