18 de fevereiro de 2005. A hora não sei. Sei, no entanto, que cheguei aqui ainda de madrugada, antes mesmo das cinco horas da manhã.
Agora cai uma chuva cerrada e não possuo relógio nem vejo algum por perto.
Ouço gritos, lancinantes! Pessoas passam apressadas, o telefone toca, insistentemente, outro telefone responde em outra sala... uma televisão está ligada mas não consigo vê-la, e o som que sai da mesma confunde-se com as vozes das pessoas presentes.
Pessoas chegam, são atendidas, saem. Eu permaneço.
Alguém à minha frente fechou a janela, para que os respingos da chuva não molhassem o ambiente.
As luzes se apagaram. Quase não consigo ver o que escrevo (faço a lápis na folha de minha Bíblia, final da carta aos Efésios).
Continuo. As luzes se acendem.
O barulho da chuva atrai o sono. Estou com sono.
Não tem onde me deitar.
Não posso ir pra casa. Não agora. Não quero perder o nascimento de mais um filho, que O Senhor me concede.
Minha perna adormeceu. Não posso movê-la.
Vou parar de escrever.
Continuo sem saber as horas.
Aguardo.