Cheguei tarde. Passava-se da meia-noite.
Desconfortável por tratar-se de uma casa que não era minha.
Ela residia ali, e esperava um filho meu.
Cansada mas resignada, abdome imenso.
Deitei-me ao seu lado, afim de conforta-la.
Adormeci.
Sua voz despertou-me: havia chegado a hora.
Saí cuidadosamente, afim de não acordar os donos da casa.
Do telefone público chamei um táxi. Chegou logo.
Rumamos para o hospital.
As contrações aumentavam a intervalos cada vez menores.
No hospital fomos informados que fora alarme falso. A criança não nasceria antes da próxima tarde.
Era madrugada do dia 7 de outubro de 1992.
Voltamos, de volta pra cama, sem que os donos da casa percebessem qualquer movimentação.
As contrações voltaram. Ela sofria. Eu orava.
Adormeci, vencido pelo cansaço.
Acordei com pancadas na porta. O sol estava já alto e eu sozinho na casa.
Minha mãe, Ã porta, alardeava o nascimento do meu primeiro filho, que eu não presenciara.
Um homem.