São palavras, meu amor, que te desejaria tanto dizer; mas, infelizmente, não tive a felicidade, nesta data em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo.
Guardo-as comigo (na alma, no fundo do coração). Será que fui tolo? simples ingênuo? ou absolutamente errado?
Suponho -- e até acredito -- que o meu sonho se superdimensinou.
Agora, depois de tudo o que fizeste; após ter-me explicado o que e por que não me queres, só me resta uma coisa: a decepção.
Ninguém é enganado por muito tempo sem que haja prenúncio da verdade. Agradeço-te a sinceridade: evitaste, com o gesto duro e decisivo, que eu sofresse mais.
Ainda assim te quero bem. Admiro-te a força de luta pela vida e o caráter inquestionável, que está presente em todos os teus atos.
Claro: uma palavra doce e amável pode ajudar, faz bem ouvi-la. Entretanto, a sinceridade -- mesmo, de ínício, parecendo rude -- deve sobrepor-se a tudo, para o bem da humanidade; a não ser no caso em que a mentira se faz necessária como bem o diz Santo Agostinho (o que, realmente, não praticas!)
Lamento que o desfecho tenha sido assim. Tive comportamento utópico: quis sublimar amor que jamais se consolidaria. Por isso, não te condeno. Sou o culpado único, reconheço.
A crueldade, aparente, pode ter dois lados (ou mais!) depende do ànguilo em que for observada. Se a mim foste má, que Deus te compreenda e conceda perdão.
Quanto ao mais, reafirmo: sou o responsável, até pelo insucesso desse idílio maravilhoso, enquanto nos podíamos iludir.
Prossegue feliz a tua caminhada. Não olhes para traz (também não me verás!...) Desperta em outros corações amor profundo e duradouro. Quiçá, no lugar em que estiver, poderei entender essa mudança!
Mesmo sabendo que nunca é tarde para amar, despeço-me de ti, de todos e da vida. Adeus!
Mata-se com um tiro no peito: revólver calibre 38.