Sabe, hoje eu me senti menino, assim, de repente, sem que eu pudesse controlar o pensamento. E fui direto para a casa de minha avó paterna, que já nos deixou há mais de vinte anos. Ouvi seus conselhos, a sua serenidade que convivia muito bem com uma grande firmeza de caráter, conservada ao longo do seu mais de um século de vida. E, por incrível que pareça, pois as duas moravam em bairros distintos, lá encontrei, também, minha avó materna, ambas viúvas, já que não conheci nem o pai de meu pai nem o pai de minha mãe.
Ana e Sara, respectivamente, eram mulheres extraordinárias, embora vivessem uma vida modesta, nos limites que a viuvez lhes permitia. As duas, mães de proles grandes, souberam freiar os impulsos dos filhos, conduzindo-os com rédeas fortes pelo ínvios caminhos da existência. Eu as admirava muito e, ainda agora, tanto tempo já que se foram, nas minhas recaídas para a vida de moleque, o moleque que sempre fica em nossas costas, esperando a opportunidade de ressurgir do nada, saltitantes e astuciosos, brincando e apimentando a vida, pois de tempêros a gente precisa, vez em quando...