Eles gritam, pulam, se esbaldam encharcados em conhaque, cerveja, bebidas florescentes em garrafas pet, se abraçam, se lambem, sorriem satisfeitos, sem camisa, tentando conquistar gatinhas, e essas desfilam com suas caras de putas, de desdém falso, manipulado, enfiando a calcinha no cu pra chamar a atenção, esse lavado com mais consistência porque depois de algumas caipirinhas a probabilidade da noite terminar em sexo é enorme, porque sempre precisam de motivos banais pra se entregar ao babaca sem camisa, ou aquele que vomita a cada gol da medíocre seleção tupiniquim. Buzinam, gritam, olhar lànguido buscando com desespero disfarçado um rabo de saia descente, pulam nos carros, bebem mais sempre sem vontade, dançam funk, suam de forma nojenta o uísque com gelo consumido em pleno meio dia pra comemorar algo sem crédito, sem valor real, só distração como andar no parque com a namorada e sorvete e palavras inofensivas. E elas indóceis, buscam displicentemente algum burguês inútil que à s 3 horas da tarde de uma terça feira desmaia bêbado e sorridente.
Apreciam a farra da Copa. Usam-na pra mascarar a angustia delirante de todos os outros dias do ano sem motivos de farra, sem lugares lotados pra tirar a camisa e mostrar imbecilmente a malhação diária e estúpida. E elas andam em bandos, de mãos dadas, sem conversa, só trocam olhares rápidos e displicentes, contabilizando dentro do ego inflado quantos babacas paquerados, quantos olhares que consegue por metro, a cada passo, terminando a rua cheias de si, flutuando, pisando em ovos, por dentro gritando de alegria, de felicidade, vazias e podres.
Beijos rápidos, 1, 2, 3, sempre alcoolizados pra tomar coragem, sumários, desnecessários, débeis, falsos, insossos. Enquanto eu fico sozinho, de canto, velho rabugento, reclamando de tudo, vital, pedindo silêncio, desgraça, morte, paz, profundidade, solidão. De buzinas na mão tentam chamar a atenção, querem palco, se mostrar brasileiro, torcedor, feliz com mais um joguinho vencido, mais uma copa que buscamos com ávido interesse, enquanto a realidade é deixada de lado por míseros minutos de felicidade. Ah se nos uníssemos assim por algo mais importante, mas não, eles querem a superficialidade de uma felicidade momentànea, instantànea, passageira, mas que convence quem quase nunca vence, quase nem joga.
A burguesia me enoja, me enjoa, sempre à toa, preparados pra uma festinha básica, com bebida forte sem gostar de beber, sorrisos fabricados sem saber sorrir, movimentação esperada sem saber sequer bailar. Fiquei ali, isolado, sozinho, vendo de camarote a decadência de jovens burros, felizes, patéticos, saldáveis, alimentados por falsas esperanças, barrigas gordas de orgulho podre, sempre querendo mais, mais, mais, esperando inutilmente a ilusão pra se transformar naquilo, naquelas marionetes de auditório no palco imundo da esperança de esgoto.
Sábado tem mais, até lá esperam escondidos atrás de suas máscaras burocráticas e mecànicas do cotidiano.