Encantos mil e Desencantos:
Nasci pensando em ti;
Te conheci antes de te conhecer;
Sonhei e me inebriei;
Estudei teu Mapa e o sabia "de cor";
Ouvia tuas músicas e teus poetas;
Vi tuas luzes e tuas ribaltas;
Cresci e vislumbrei tua beleza;
Amadureci e vi tua tristeza;
A cidade que me seduziu;
Vaga e perdida num passado remoto;
Falida e decadente como estrela sombreada;
Apagando-se as luzes do palco;
Seus artistas foram-se embora;
As vaias estão nas vagas do mar;
De Princezinha Copacabana tornou-se plebéia;
Tua beleza esvaiu-se em tristeza;
Dos casarões restam ainda nostalgias;
Da època èpica da nossa história;
Do teu povo cativo que ainda te espera;
O resplendor de uma nova era;
Provinciana e repleta de sabores;
Amargos destinos da favela aos moradores;
Composto de vilões encobertos pela fumaça;
Estacionada no tempo a espera do esplendor disfarçado;
A malandragem desce dos morros e atinge a nobreza;
Tua paisagem tão linda foi mascarada pela rudeza
O tempo passou e o passado aí estacionou;
Quando estou aí a tristeza me envolve pois;
Os taxistas perderam sua gentileza e destreza;
Minha terra não tem mares ou palmeiras;
Nela o progresso e a esperança me abraçam;
Quando estou aí me sinto apavorada e recuada;
Quando estou aí quero voltar lógo;
Quando estou aqui tenho desvaneios de uma população que labuta sem cessar;
Foi muito linda esta cidade maravilhosa;
Talvez um dia saibamos o que foi que aconteceu;
Seu cartão postal é uma amostra das ilusões que arrebatam sua população pois ela crê ainda ser acariciada pelo Cristo Redentor: ELE permanece com seus braços abertos;
Beijo o asfalto da minha terra e vejo seu coração pulsar com energias para abraçar os povos que aqui aportam carregando a Cruz do Cristo Redentor.