- Vai daqui para o senhor, que nunca leu nem nada ouviu sobre o Brasil, e que está chegando agora pra ficar; eu lhe aviso: somos um povo, em nossa maioria, contrabandista, traficante, oportunista, aventureiro, ambicioso, arranjista, subvertedor da ordem pública, e altamente inclinado a resolver com tiros os nossos conflitos. Mas somente os internos. Com outros povos pilantras não brigamos. Por uma questão de covardia nata.
Estamos próximos das eleições. O senhor não se surpreenda: nosso candidato favorito pode vir a ser assassinado pela nossa minoria que é, também, tão perversa quanto nós. Não que nosso Presidente seja um clone de Lincoln, ou de Kennedy, ou de Gandy. É que, em matéria de Poder, somos um povo como outro qualquer: quando se trata de definir quem vai ser o mandante, a minoria não engole sap..., e não quer saber de, na hora "h", ter "erp is in the corp".
Será que o avião de Lula vai cair como o de Castelo Branco? Oh, o senhor não sabe, mas ele foi nosso Presidente da República, no século passado. Ou será que seu carro vai ser abalroado por algum ónibus na estrada, como aconteceu com um outro ex-Presidente, de nome Juscelino Kubstcheck de Oliveira, também, do outro milênio?
Cassado é que ele não vai ser. Já passou por todas as CPI"s desta década. Ninguém quis provar que ele sabia de tudo sobre umas "pequenas falcatruas" por aqui, sabe?
Mas, a julgar pelo que aconteceu de mais colorido nos tempos mais recentes, os grupos que se sentem prejudicados têm matado a tiros mesmo, como eu disse, mas somente quem fica com o dinheiro; o Presidente não é morto, é deposto. Foi o que aconteceu com um tal de Fernando Collor. E tudo a posteriori: a médio prazo, arranjam a mulher e os seguranças pro tesoureiro; depois ele e ela são apagados. O ex-Presidente continua vivo. Pode até se candidatar novamente.
Será que o Lula chega a tomar posse do segundo mandato? Quem ficaria com o numerário desta vez? Quem sabe, o senhor, com a sua experiência de Oropa, França e Bahia, pode antecipar alguma coisa mais provável de assim tecer? Por enquanto, como o senhor vê, as campanhas estão muito ordeiras. E êste é que é o maior prenúncio de um novo dilúvio...
Não estou sabendo de nenhum pequeno, médio ou grande conflito; tomara que tudo se ajeite com "palavras antes, palavrinhas durante, e palavrões depois", como dizia Edouard Pailleron. Avião em ordem, seguranças em ordem, dinheiro em ordem... Longe de mim, querer ser um ariri barroso, um urubu de copa...Assim seja!
Mas, acabe de chegar, desembarque-se, e fique à vontade! A casa é... nossa! Mas disponha... do tempo que quiser, de preferência, das horas do dia... Procure ficar livre e desembaraçado... Evite os motoqueiros... Não dê sopa à noite... É, tem gente que ainda dá sopa, à noite, para necessitados; são viciados nisso, mesmo sabendo que há um programa especial para acabar com os esfomeados. Mas, o senhor sabe como é que é... paciência... somos um povo de vários vícios... Pro senhor que está chegando... o senhor se cuide!... Até mais!