Embora o presente muito diverso do passado de engano e de ilusão, fosse repleto de indiferenças, de desamor e de humilhações -- coisas que há anos se acumulavam, oprimiam e depunham, vinha tentando engolir tudo com dificuldade e tristeza (e por que não dizer? com desespero!) --, continuava sonhando-a: mulher encantadora, incompreensiva e provocante que, com arrebatamento, amou de verdade!
No aniversário dela, programou não lhe fazer desfeitas. Segundo entendia, era coisa pequena demais pagá-la com moeda igual. Considerava algo ridículo para quem nutrisse amor como o seu.
Pediu somente que Deus a iluminasse e fizesse refletir sobre as maldades e ações esquisitas para com ele.
Num pedaço de papel, escreveu: "Parabéns! tenha vida longa, cheia de saúde e alegria! Com toda a sinceridade, Fulano."
Pegou a arma de fogo, que há tempos evitava usar, mirou bem o alvo e, com um tiro certeiro, despediu-se desta vida.
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(*) Felizmente, conforme póde relatar aos mais próximos, fora tão-só um sonho que teve, em madrugada calorenta, entre 04:00h e 04:30h, de uma sexta-feira: 23/08/1996.