" Já estávamos a mais de uma hora dentro daquele coletivo. Eu sentia o maior prazer em abraçar a minha eterna namorada. O meu braço já estava dormente por ficar tanto tempo na mesma posição, porém, não me atrevia a mexê-lo para não importunar aquele sonho de anjo, anjo pousado no meu ombro (será que os anjos dormem mesmo ? ).
O amor nos deixa mais forte do que podemos imaginar, fortes e teimosos; Quanto ao braço poderia suportar romanticamente, como sempre, porém, minha perna já não mais aguentava porque as duas pernas dela estavam sobre a minha. Tudo bem, minha sereia tinha que ficar mais confortável do que num ónibus-leito.
Sempre gostei de, além da sensação de estar sendo protegida, também de lhe dar bastante conforto. Só que a dor já estava intensa, não tão grande quanto o amor que sinto por ela, mas já era muito grande. Quase tão grande quanto a distància que já tínhamos percorrido.
Por doer tanto o joelho, me mexi para poder deixar a perna mais acomodada, ainda suportando o peso das pernas da minha amada (sereias têm pernas ?). Pronto ! Tal movimento foi suficiente para ela acordar...acordar, tirar as pernas de cima da minha e colocar minha perna esquerda sobre a dela, pois a mulher da minha vida sabia que aquele joelho estava machucado.
Para alguns isso pode não parecer poesia, todavia, vindo tal gesto tão lindo da minha Musa inspiradora, não há poesia mais bela, bela como ela...a mulher que tanto amo ! "