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Cronicas-->ERA UMA VEZ NO MÉXICO -- 11/10/2006 - 15:08 (Rudolph de Almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ERA UMA VEZ NO MÉXICO

Pela rua de terra o vento faz nuvens de poeira que rodopiam em redemoinhos, enquanto o sol inclemente faz levantar vapores da terra. O muchacho vem caminhando a passo arrastado, pistola enfiada na cintura, as botas sujas de terra galgam vagarosamente os três degraus da pequena escada. Com o corpo vai empurrando as portinholas na entrada do bar. O ambiente é pouco iluminado como que para afastar o calor. Em uma mesa ao fundo, um homem suado e mal asseado vai virando os olhos em direção à porta, sentado à mesa acompanhado de uma garrafa de tequila. Nas demais mesas só há fantasmas de velhos bandoleiros, mas estes não são vistos. Em frente ao balcão, debruçado e bêbado, cabelo por cortar, preto, liso e oleoso, outro indivíduo bebe sua aguardente. Atrás do balcão as garrafas de whisky vagabundo nas prateleiras, o dono do bar com seu bigode imenso, barba por fazer. A camisa que foi branca é quase amarela, toda molhada pelo suor que lhe cobre o corpo. Uma gota deste suor tenta escorrer pela testa brilhosa pela umidade. O ar ali dentro é quente e espesso. No teto, um velho ventilador gira vagarosamente como se tivesse dificuldade de vencer o peso do ar e vai rangendo a cada volta, produzindo um agudo e enervante som de metal. Se uma mosca voasse ali, seria possível ver o bater de suas asas. Tudo poderia ser apenas uma fotografia amarelecida, o instantàneo de um momento passado, mas as pessoas ali respiram o ar lento dos moribundos.
Isso poderia ser a cena um velho filme classe B rodado no México. Como dizem, às vezes a vida imita a arte. Há momentos em que sentimos como se o tempo houvesse parado, quando não sabemos que direção tomar, quando a situação foge a nosso controle, ficamos à mercê da vida, como um barco à deriva em meio à tormenta. A angústia faz parecer que a vida está em stand by. Dá vontade de sentar no meio fio, encolher as pernas, se debruçar sobre elas e chorar. Mas nisso, estamos ouvindo o tic-tac do relógio que está bem ao lado do ouvido, a nos lembrar que o tempo não parou, não. É a vida que está andando e, parados, corremos o risco dela nos ultrapassar.
Felizmente, o filme classe B vai terminar, mais cedo ou mais tarde. Paciência, ah, bendita paciência, se ela nos acode estamos salvos e assim como quando vimos o filme já havia começado, há de ser também quando ele acabar.

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