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Cronicas-->O Oriente Médio Depois de Saddam Hussein -- 20/01/2007 - 17:51 (Edgard Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Do modo que anda a justiça dos homens aqui na terra, nem ao menos um vislumbre do que seja a justiça Divina a eles será dado. A execução de Saddam Hussein pegou de surpresa e de choque toda a humanidade. Não pelo ato em si ou pela falta de merecimento. É sabido o ditador implacável que ele foi. As vítimas do seu regime cruel e assassino subsistem nos milhões que hoje sofrem no Iraque, direta ou indiretamente atingidas por ele.

Mas, todo povo tem uma tradição, uma religiosidade. A ferida causada na alma do iraquiano, independente de suas facções, tão cedo não será cicatrizada, se é que um dia o será. O Eid é uma festa religiosa do povo mulçumano. É o início de uma fase de louvor e comemoração para os veneradores de Maomé. Por que cumpriram a execução justo neste dia, logo após terem-na anunciada na véspera e projetada para os próximos 30 dias? Isto é um ato de pura maldade e revoltante. O que fizeram com o povo iraquiano, especialmente os sunitas, é lastimável. Temo pelo futuro desta região do globo.

Fica evidente, pela sequência dos acontecimentos, que tudo vem sendo orquestrado para um fim que beneficie a uns tantos poderosos e independentes. Conforme relato da imprensa, todo mundo ocidental foi contra a execução de Saddam Hussein, com exceção dos Estados Unidos e do Reino Unido. Não concordo que tenha havido um julgamento justo com um júri neutro e imparcial. Isto cheira muito mais a ódio e vingança do que outra coisa. É só atentarmos para a forma como tudo ocorreu.

Se Saddam merecia a pena de morte, esta já deveria há muito ter ocorrido quando, em forma de contenção, o ato resultasse em mudança benéfica para o Iraque. Embora, pessoalmente, não acredite que matar seja a solução. Minha convicção é muito mais política do que religiosa. Senão, veja o caso de Pinochet. Pagou com o sofrimento do exílio, do abandono, da doença, enfim, com um trágico fim de vida, verdadeira pena de morte, imposta por um destino que ele próprio atraiu para seu juiz e carrasco.

Jamais apoiaria Saddam Hussein e o seu regime assassino. Em minha opinião, ele não merece nenhum tipo de homenagem, embora tenha chegado, por esforço próprio, a presidente do seu país. Sua vida foi um mar de lamas. Destruiu lares, famílias, deixando um rastro antigo, ainda mais sangrento e inapagável. Mas, o conflito no mundo árabe não existe há meros 24 anos, que foi o tempo de hegemonia de Saddam Hussein. Por isso, sua morte pouco ou nada contribuirá para uma mudança de fato.

A falta de visão dos que perpetraram tal tipo de ato chega a ser digna de pena. Os homens que o fizeram são tão cruéis e impiedosos quanto o réu. Não possuem um pingo de amor pela humanidade, tampouco compaixão pelo terrível sofrimento de um povo. Terão agora que aguentar as consequências desta atitude impensada e vingativa. Os Estados Unidos, que ainda praticam a pena de morte em seu território não merecem, a meu ver, a posição de país super desenvolvido, pois continuam ainda tão ignorantes e atrasados quanto aqueles que recebem a sua forma arcaica e materialista de punição.
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