Quem faz rotina das horas extras de trabalho de certo não executa as atividades no horário devido, chega tarde, sai mais cedo ou até durante o expediente, passa o tempo na internet vendo coisas que não dizem respeito ao serviço, idem no telefone e em outros incentivadores da ociosidade, da preguiça e da falta de compromisso com o empregador.
As incumbências devem ser planejadas de modo que se realizem dentro do previsto. Ninguém constrói aeronave ou prédio fazendo horas extras todas as noites.
Lógico, se houver necessidade imperiosa e inadiável, o bom-senso indica o caminho que deve ser palmilhado: priorizar o tempo disponível (escasso para todos) e -- se realmente for inquestionável -- esticá-lo. Isso em caráter excepcional e não como hábito (ou até mania mórbida).
Não é Ã toa que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece o número de horas extras que o trabalhador pode fazer diariamente.
Trabalhar deve ser alegria e não martírio. Se o cenário é constrangedor, inegavelmente será afetada a produtividade.
Administração (seja do que for) tem de ser, acima de tudo, racional, harmónica e eficaz.
Nesse prisma, bem disciplina o Professor Celso António Bandeira de Mello, na 5ª edição do seu livro "Curso de Direito Administrativo", p. 270: "Deve o Direito ser interpretado inteligentemente, não de modo a que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniência, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis."
Ora, se até a lei depende de racionalidade para que surta a esperada e imprescindível eficácia, por que não atentar para as relações trabalhistas?
Administrar é fundamentalmente o uso do bom-senso para a conquista do controle, da harmonia, do aproveitamento pleno dos recursos (sejam eles quais forem: administrativos, económicos, financeiros, humanos, naturais, operacionais), da racionalidade e da eficácia. Logicamente, sem prejudicar o bem-estar social.
Tendo em vista que, com raríssimas exceções, os meios disponíveis são escassos, deve-se aplicar, com frequência, em todos os setores, o princípio da racionalidade e da eficácia maximizando o que é limitado (Ã s vezes até por natureza).
Assim agindo, o nosso PIB tende a melhorar no àmbito nacional e poderá, sem dúvida, impor-se aos países em que esse indicador é bastante expressivo.
Mas, para isso, é fundamental que se corrijam "cangadores de grilos" (verdadeiro milagre); eliminem-se "engarrafadores de fumaça" (tarefa homérica); extingam-se fritadores de bolinhos em geladeira (oportunistas); excluam-se executantes de trabalho de Sísifo (missão quase impossível), diminua-se o número de economizadores de palitos de fósforo riscados (conta sem fim). ...