Vida, somatória insensata de acontecimentos aleatórios em que a única e inevitável certeza que possuímos é que um dia ela findará. De fato, somos um acidente da natureza. Totalmente descartáveis. E nesse tortuoso transcorrer da vida decidimos por caminhos tão fúteis e banais que a torna ainda mais absurda. E estamos nós aqui, a amar, sofrer, chorar, rir, ganhar dinheiro, status, corromper, alegrar, tudo, menos realmente viver. Enganando-nos periodicamente numa busca em satisfazer nossos eguinhos machucados devido a nossa total desnecessariedade perante o todo. Somos grãos de areia, fagulha, suspiro, instante. Lutamos a vida inteira pra sermos reconhecidos perante a família, amigos, sociedade, mundo, e perdemos tanto tempo nessa desenfreada busca que esquecemos de nos reconhecermos perante nós mesmos. Angustia, desilusão, desesperança, desespero, tudo que levamos dentro e fundo é o resultado contraditório da busca de nossas ínfimas sensações de felicidade, pontuadas em acontecimentos aleatórios, mas quase sempre conseguida fora, nunca internamente, sendo essa, na minha opinião a única felicidade possível, que foge de nós constantemente devido a uma auto cobrança e condenação voraz. Não nos contentamos nunca, queremos mais, intermitentemente.
Mastigamos a vida; fondue de vísceras.