No Distrito Federal, a classe policial está bastante ativa - além de exigir aumento salarial a todo momento, embora tenham os melhores salários do País. Querem alguns policiais que o Delegado de Polícia seja chamado de "Vossa Excelência". Dizem que é um direito isonómico com seus pares, os juízes, procuradores e outros tantos profissionais formados em Direito.
Segundo uma professora de Português, em entrevista na TV, o pronome de tratamento correto para delegado de polícia não é "doutor", como é corrente se ouvir por aí, mas "Vossa Senhoria". Esse tratamento, "Vossa Senhoria", denota profundo respeito, vem do tempo dos senhorios, da época em que éramos ainda colónia de Portugal, e é também obrigatório no tratamento de pessoas que exercem chefias em empresas públicas, autarquias e gabinetes.
Quando eu fui servir no Ministério da Defesa (novembro de 1999 a fevereiro de 2002), passei a conhecer um tipo de tratamento que até então eu não estava acostumado: "Doutor". Era doutor pra cá, doutor pra lá, qualquer sujeito que ocupasse alguma função de gerência tinha esse tratamento, mesmo que tivesse somente o Segundo Grau.
Ora, conforme disse a professora de Português, o tratamento de "doutor" é um tratamento obsequioso normalmente dado a médicos e advogados. Porém, para que as pessoas, inclusive médicos e advogados, tenham de fato o "direito" de exigir tal tratamento, elas devem provar que fizeram a defesa de uma tese de doutorado, e que passaram na prova. Nos demais casos, o sujeito pode ser doutor lá "pras negas dele", ou "pras brancas dele" - se preferir que eu assim me expresse, dentro do modo politicamente correto (vale dizer, besta) de dizer as coisas -, nunca exigir um direito que não possui.