Pra variar, insónia. Pra variar não dormi direito. Coração em chamas, paredes que dançam, sem resquícios sequer de alento ou encanto. Até o ar falta, vozes, vultos, algo martelando freneticamente em minha cabeça, angustia profunda e necessária, absoluta. Sempre uma procura insistente por respostas para as eternas perguntas formuladas ou as que venho formulando. Não se enganem, perguntas são sempre mais interessantes que respostas. Pergunta significa busca, resposta, estagnação, acomodamento. Diálogos silenciosos comigo mesmo; conversas místicas com Deus. E as noites vão passando e eu acordado, virando na cama, ah eu sei, falta algo. Talvez a menina dos meus olhos, talvez uma calma mais sensata, quem sabe um ou dois tragos de uma boa cachaça já aliviaria. Místico, metafísico, inconformado, essa somatória e junção dentro e fundo tira o sono, a paz, mas também nos dá tudo, ou o que sobra. Destemido e descrente, cínico, voraz, intenso, ah, vazio profundo de desilusão no peito.
Se eu pudesse escolher, escolheria ser eu mesmo.