Dizem que Goethe não lia os jornais até que se passasse um mês de sua publicação. Acreditava ele que só assim ele poderia evitar a leitura de eventos meramente passageiros, boatos ou "possibilidades" revestidos de uma linguagem que conhecemos por jornalismo ou matéria jornalística.
Trata-se, antes de más intenções, de mercado, já que o jornal precisa vender, notícias são produtos de consumo. Um fenómeno bastante compreensível, e que explica o motivo das "possibilidades reais" se manifestarem em letras garrafais nas capas de jornais. A estrutura da frase segue um modelo bem parecido com esse, embora as possibilidades sejam muitas:
(quem) (verbo) (o que)
GM + pode ir + embora do RS
Mais que trabalhar possibilidades, esse tipo de construção é formulado para causar impacto na opinião pública, e garantir a venda de "jornalismo". Quando faltam manchetes "reais", ocorridas de modo breve (Submarino Russo afunda), geralmente se usa a chamada "cobertura jornalística", matérias que a cada dia são feitas sobre determinado assunto, pretendendo aprofundar um assunto durante um certo período de tempo até que se forme um quadro coerente, e, portanto, passível a integrar o modo de pensar público, a chamada opinião pública. Mais que transmitir fatos, a mídia os produz.
A corrida do jornalismo, já há algumas décadas, aponta um caminho inverso do que é informação: informação seria a veiculação de fatos ocorridos naturalmente, e que seriam, nesse caso, independentementes à existência da mídia.
Estava sentado agora a pouco no em frente à tevê, passou uma matéria sobre como cuidar da saúde durante o Rock in Rio da AOL. Jornalismo puro. Em horário nobre. E ao natural.
Você não acontece para ir até a televisão ou o jornal, você acontece porque está na televisão ou no jornal. Tudo muito natural. Naturalmente a tevê se tornou uma janela aberta. Mas sobre um mundo fechado.