Ontem procurei muito falar-lhe sobre a solenidade. Notáveis escritores de Brasília, amigos meus, estariam presentes. Meu desejo que você conhecesse alguns. O evento, no SESC, CNB 12, seria mais acessível (penso). Entretanto, o empreendimento ficou só no projeto. A peregrinação dá uma pequena crónica.
De início, transmiti mensagem com endereço errado (e voltou e nem vi). Inocentemente, esperei resposta. Havia excluído a devolução.
Faço novo expediente e não anexo o arquivo que seria o mais significativo! Transmito outra vez, com ele. Espero retorno, que há. Com o seu nome completo, na capa do livro, decido procurar na Internet. Pesquisa inútil. Não há um só registro. Procuro o do primo Daniel, nossa! Há mais de 40. Nem tento.
Lembro-me da tia Dorvina. O número do telefone, em agenda familiar, em casa. Ligo lá, ninguém que pudesse ajudar-me. As meninas no trabalho ou na escola,a esposa no serviço; a auxiliar doméstica, que lê muito mal, não seria opção. Mesmo assim, passo mensagem à minha mulher. Não há retorno nem notícia de que fora lida. Telefono. Ela em reunião. Com insistência, peço para chamá-la. Quando veio, com aquela (e até compreensiva) indignação:
O que você quer? Estou em reunião, e você manda chamar-me?
Pois é, meu amor, uma coisinha apenas: o telefone da tia Dorvina. Organizadíssima, felizmente o possuía. Forneceu-me. Ligo diversas vezes, sem resultado: não atende. Até que, lá pelas 17 horas, consigo o contato. Fico feliz da vida (só por alguns segundos):
Aló!
João?
Sim.
É o Bené, João! Preciso falar com a Daira, ela está?
Não, foi à casa da mãe.
Não faz mal, você sabe o telefone do Daniel? (eu queria ligar para ele e perguntar se sabia o seu número.)
Não, talvez a Daira. Liga lá na Dorvina. Pode ser que ela saiba.
Experimento isso. Inócuo. Dona Dorvina dorme, e a Daira tinha estado ali e saíra. A pessoa que estava com ela, de cujo nome não me lembro (muito educada), quis colaborar: procurou na agenda o telefone da Luciana. Encontra-o e me diz. Ligo. Outra decepção. Atende uma criança:
Aló!
O papai está? Pergunto.
Não.
A mamãe está? Indago.
Tá, mãe! pra você! Quem fala?
É o Bené.
Mãe, é o Bené. Ela não pode atender, liga depois.
Nesse tempo, fala outra criança; parece-me um pouquinho mais velha, 3 anos, no máximo:
A mãe não pode atender, liga mais tarde.
São 18 horas, e compreendo que não adianta mais eu lutar contra a adversidade. Somente me despeço. Falo: fique com Deus! e ele, espontaneamente:
você também.
A resposta, rápida e espontànea, impressiona-me. Uma criança de, no máximo, 3 anos ter essa atitude deixa claro: é feliz e bem criada!
Com 2 amigos, saio do Plano Piloto à s 19 horas. Como sempre, tento a Estrutural; o mesmo erro: quase paro no Guará.
Suponho que rodo muito e decido perguntar na primeira casa que vejo. Surpresa: Delegacia de Polícia. Talvez foi a sorte. O rapaz que me explicava o caminho deve ter notado que eu jamais chegaria lá.
Uma viatura estava saindo e pede para acompanhá-la: iria para o Centro de Taguatinga.
Aliviado, segui-a. Em poucos minutos cheguei ao local. Não no CNB 12, mas no CNB 2, o que era um ganho para quem estava perdido.
Sigo a direção crescente dos números e encontro o dito SESC. Só que estaciono longe e saio, com os amigos, carregando livros. Não foi fácil. O mais novo dos 3 caminhantes era eu, com quase 60 anos de idade. Travessura mesmo.
Enfim chego. A festa muito boa e bonita. Havia muitos intelectuais. Houve recital, peça de teatro e livros e livros. Pena que você não estivesse.