Há mais de 1/4 de século que nos conhecemos: quase 6 anos de namoro e 20 anos de casamento.
O primeiro encontro ficou gravado, nunca o esqueci. Era noite. Setembro de 1973.
Saíamos da faculdade após a última aula (Contabilidade de Custos II). Meio tímido e sem graça (não possuía carro), ofereci para acompanhá-la. Por educação e tendo em vista que me conhecia (Ã s vezes tínhamos a mesma aula), aceitou a oferta. Fomos de ónibus. Pensei comigo: dificilmente votará a falar-me.
Fim de semana. Segunda-feira tivemos horário igual. Falamos de novo, mas não me ofereci para levá-la.
Para impressionar, pedi emprestado o carro de um amigo por três vezes. Um fusquinha velho, amassado e sujo, no qual a transportei com muito orgulho. O surpreendente é que, com humildade e gestos simples, a princesa não reclamava; parecia que era do seu agrado.
Decorridos alguns dias, refleti: vou procurá-la e falar a verdade. Fiz isso. Contei-lhe, com sinceridde, da minha pobreza e aproveitei para expressar o meu sentimento.
Ela compreendeu e me incentivou a proseguir na luta por melhores dias. Era o início do amor -- que felizmente jamais acabou!
Enfim, a sinceridade ainda é a melhor arma do ser humano: claro, as pessoas que nos ouvem são capazes de avaliar se há firmeza nas palavras.
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(*) Brasília, DF, 20/07/1999. Por ocasião do 20º aniversário de casamento.