Segundo Anna Verónica Mautner, hoje tudo está mudado. Trabalha-se mais para ganhar o dinheiro com o qual se compra o que não se faz com as próprias mãos.
De fato, antigamente era tudo diferente...
Hoje existem inúmeras opções para presentear alguém. No entanto grande parte do encanto esvaiu-se, mudou de feição. Mãos estranhas participam dessa teia. Mãos que precisam ganhar o pão de cada dia para o sustento de suas famílias. Mãos que tecem mecanicamente, sem afeto, pois tecem ou fabricam presentes para corações que desconhecem.
"Trocar presentes é na realidade se surpreender ganhando o que não se comprou. É receber um pacote que não se sabe o que tem dentro."
Trocar presentes é ter o prazer de oferecer ou de receber uma surpresa. Surpresa esta, preparada a partir de um `se debruçar´ sobre o jeito de ser´ ou o momento do `outro´.
E a partir daí, a apresentação, a embalagem passa a ter tanta importància quanto seu conteúdo, pois vem junto com o carinho, a vontade de agradar.
O ser humano é assim, carente. Necessita por vezes, estabelecer uma certa distància da rotina do cotidiano até para se sentir `vivo´. Precisa mesmo, de dias diferentes dos outros dias para esperar e ter esperança.
" E esperar é ter esperança! É imaginar-se naquele dia que sabemos que virá. É recordar as festas e encontros passados."
É fazer aflorar, é relembrar os acertos e erros das reflexões a partir da própria data comemorada, das trocas dos presentes, dos cardápios, dos sabores, dos odores, das músicas, das luzes , dos convidados e até das extravagàncias.
Ter esperança "é alimentar a ilusão de ser um pouco profeta de sua própria vida compartilhando enfim, uma visão de futuro, de uma esperança de vida, de estar vivo até lá!"