Minha filha, uma sugestão: nem tome conhecimento do que fizeram; será a melhor maneira de desvalorizar a desfeita. Jamais lhes pergunte o porquê. A vida, meu anjo, tem dessas coisas... Se eu passasse recibo de tudo o que me fazem, pode ter certeza: estaria sem talonário há muito tempo.
Não duvide: agiram assim para magoá-la, ferir, tentar diminuí-la (e por que não dizer? humilhar); se você der sinal que sentiu, eles ficaram felicíssimos e vão dizer (ou pelo menos pensar): conseguimos nosso objetivo.
É claro (e louvo sua índole enérgica) que não podemos rebater todas as coisas. Ponha na cabecinha: o que vem de baixo não me atinge (pense apenas, não o diga a ninguém)
A vingança maior é o desprezo. Não os maltrate. Quando lhe convidarem para alguma comemoração (o que é muito frequente nos dias atuais), diga: não poderei ir, tenho compromisso. Se um imbecil ousar inquirir qual compromisso, afirme convicta: religião.
Tudo passa. Não perca seu tempo com essas banalidades. Trabalhe direito, não se atrase, não converse com ninguém coisas que não disserem respeito ao serviço, nem fique no telefone. Saia sempre um pouco depois, nunca na hora nem antes. Não dê satisfação de sua vida a ninguém, nem ao melhor colega: ele pode ser seu opositor no futuro.
Lembre-se: as únicas pessoas dispostas a compreender e aturar (sem pedir nem querer nada em troca) todas as suas deficiências são, exatamente, as que Você mais maltrata: seus pais.
Não estou cobrando nada. Nem posso nem devo. É somente desabafo.