Andando em ruas com árvores nuas. Folhas ocres espalhadas pelo chão. Uma garoa fina faz barulho ao bater em guardas chuvas negros. Cinza, marron e chumbo é a cor do mundo. Silêncio, as pessoas andam em silêncio. Simplesmente caminham a esmo e olham obsessivamente para o chão. Fumaça de fábricas antigas e charutos e cigarros e pelo frio ao sair ar da boca por um suspiro ou um displicente esboçar de palavras. Prédios fúnebres, vidas rotas, céu espesso, ruas longas, e uma beleza esteriotipada sinto flutuar pelo ar. Agasalhos de couro, cachecol, luvas, gorros, tudo em tons de marron; claro, escuro, feio. Pobres de origem árabe com fotos de crianças pedem dinheiro na rua com seus dentes de ouro e sorriso cínico e pele desesperadamente maltratada. Não há palavras, não há ruido, é tudo de um silêncio desesperador, e uma sensaçao angustiante de desperdício. Cafés e pubs cheios, vinho, chocolate quente, petiscos, sangria, e cigarro, muita fumaça de cigarro. Um ar blasê flutua pelo ar, e eu do lado de fora passo olhando prédios fúnebres. O relógio marca 21:47. O termómetro de rua, 5 graus. Chuva cai há mais de 3 horas. Paro, sento num banco de praça patético, ascendo um cigarro idiota e penso em você. Ah e eu só penso em você, porque só você, minha amada, pode colocar cor e fervor num dia cinza e de horror. Você sabe que é de você que eu to falando minha amada, só poderia ser de você...