Aposentada revela detalhes da homenagem feita pelo pai, que batizou o Cine Theatro Santa Helena com o nome dela
DA REDAÇÃO
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"Não me lembro dos detalhes, ainda era muito menina, mas lembro da luta de meu pai para manter o Cine Theatro funcionando e me recordo de sua tristeza quando teve que vendê-lo." Essas são as palavras da mulher que deu nome ao antigo cinema Santa Helena.
Helena Gaino, a caçula entre os 14 filhos de Gerólamo Gaino, viveu e guarda recordações da época em que o local teve seu apogeu.
Quando tinha 7 anos, em 1930, o pai, que era dono de hotel e sitiante, decidiu, por influência de empresários da cidade, construir aquele que seria um dos marcos culturais de Araras. Um prédio de 836,92m², com poltronas de madeira e bomboniere para venda das famosas balas e drops Dulcora. Nascia assim o Cine Theatro Santa Helena.
O nome foi uma homenagem de Gerólamo para a filha, que só descobriu o feito após a colocação da placa na fachada. "Naquele tempo nossos pais não nos davam satisfação. Meu pai colocou meu nome e nem disse nada, as pessoas é que passaram a comentar comigo", revela Helena.
A fachada traz, até hoje, também as iniciais GG - uma referência ao próprio nome do construtor e idealizador do prédio, que também batiza uma rua do Jardim Fátima.
Segundo ela, mais importante que a homenagem foi a inauguração do local, que ficou marcada na memória. Moradora do Centro, a aposentada lembra com detalhes da estréia. "Estava lotado, a entrada custava cerca de 400 mil réis. O filme era mudo e a música que abria a sessão chamava-se Alvorada. Foi um espetáculo lindo", recorda.
Mas, com o passar do tempo, o Santa Helena acabou se transformando em uma fábrica de dívidas. A falta de experiência e habilidade para administrar do homem simples do campo obrigou o pai de Helena a vender o cinema para quitar os pagamentos atrasados.
"Em 1944 ou 45, não me lembro bem a data, meu pai foi obrigado a se desfazer do cinema. Ela era sitiante, o único comércio que havia tido era o hotel que, depois do cinema, também foi vendido. As dívidas eram grandes e papai, muito honesto, o vendeu para pagá-las", declara, emocionada.
Helena lembra com tristeza da venda do cinema e a queda no poder aquisitivo da família depois do acontecido. "Meu pai teve dificuldades em lidar com a venda e nessa época ficamos com a vida apertada. Não faltava nada, mas ficou muito difícil. Levava de lanche para escola pão com banana, mas depois nos recuperamos. A baixa do café e o cinema quase levaram meu pai à falência", diz.
Situação atual
Hoje em dia, o prédio histórico está em ruínas, abandonado, longe da opulência antes ostentada e passa por um processo de desapropriação para ser restaurado.
De acordo com o decreto n.º 5.446, da Prefeitura, a desapropriação será feita em caráter de urgência, mas não há prazo para que a negociação entre a administração municipal e proprietário do local, que é de Limeira, seja concluída.
A proposta é transformar o prédio em uma escola de artes vinculada à Secretaria de Educação, com aulas de teatro e música. O projeto inicial inclui uma sala de documentação, espaço multimeios e um café cultural.
A revitalização do cinema é um sonho compartilhado também por Helena, que não tem coragem de visitar o local e revela profunda melancolia ao comentar o estado atual do prédio.
"Meu sobrinho foi lá e me disse que está tudo arrebentado. Não quero nem ver. Meu sonho é ver tudo aquilo reconstruído, poder passar na frente e dizer: `foi meu pai quem deixou isso para cidade. Perdeu muito por isso, mas ainda está aí´", desabafa Helena (Com informações de Rebeca Petrucci, da Diretoria Municipal de Imprensa).
Fonte: TRIBUNA DO POVO/
Novidades, Araras (SP), Sábado, 12/01/2008, Página 1B.
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Discurso do Dr. Armando de Salles
Oliveira no Cine Santa Helena
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"Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!"
LUIZ ROBERTO TURATTI.