"Vamos deixar como está para ver como é que fica" - Lula da Silva, repetindo o ditador Vargas
Por mais incrível que pareça, o governo Lula, nestes sete meses do seu segundo mandato consegue ser mais daninho do que em todo período anterior. Quando a nação estarrecida pensava, depois dos 307 escàndalos ocorridos nos quatro anos passados, que o colossal repertório de crimes, falcatruas, extorsões, malversação, negligência, empreguismo e mentiras tinha se esgotado, ou pelo menos diminuído, eis que o mar de lama retorna em ondas revoltas - ou, se assim o quiserem, tempestuosas.
Os heróis oficiais do dia já não são os dirceus, waldomiros, delúbios, okamottos, valérios, dudas, beneditas, genoinos, severinos, gushikens, lulinhas, paloccis e os escroques da República de Ribeirão Preto (embora a maioria deles continue atuando a todo vapor sob o amparo do governo). Hoje, os guerreiros da temporada são os renans, ortizes, vavás, servos, zuanazzis, garcias, amorins, franklins, para não mencionar tantos outros que atuam nos bastidores, mas que, cedo ou tarde, quem sabe pelo clamor da opinião pública, ganharão os holofotes.
Por sua vez, dado curioso, os escàndalos agora já não atendem pelos nomes funcionais (e, até certo ponto, ecológicos) de "mensalão", "sanguessugas" ou "anaconda", todos rigorosamente impunes. Eles foram substituídos pelas apropriadas alcunhas de "operação furacão" ou "navalha" ou "xeque-mate", ou ainda "cartões corporativistas" - nomes bem mais definidores deste segundo reinado de Lula, o Sindicalista que tudo renega saber. Isto porque em nosso país - e Lula sabe disso - não tem a lei que coloca o "chefe" responsável pelos acontecimentos de seus subalternos. Chama-se isso Lei da Responsabilidade. Ninguém pode, neste caso, a irresponsabilidade de "não saber de nada". Esta lei não vigora no Brasil porque aqui vivemos e respiramos o banditismo de fio a pavio. Poucos são os honestos e muitos os desonestos.
O desvario do segundo mandato, no entanto, não fica por aí. Num país sufocado por PIS/Confins, ISS, Imposto de Renda e dezenas de outros tributos que asfixiam a sociedade produtiva, o governo a cada 60 dias anuncia sucessivas contratações de milhares de novos servidores, aparelhando o Estado por força de espúrios conchavos políticos. No mesmo diapasão, ciente e consciente da impunidade, o esquema lulo-petista, além de prodigalizar permissivos cartões de crédito sem controle ou fiscalização, para o uso da privilegiada nomenclatura palaciana, torra o dinheiro público em projetos mirabolantes, tipo transposição das águas do São Francisco, considerado por muitos como um "hidro-negócio" circunscrito aos interesses da politiquice, na linha das falimentares Parcerias público-privadas (PPPs) e dos fantasiosos programas de "aceleração do crescimento".
Para culminar a performance da avacalhação total, Marco Aurélio Garcia, o "quadro" palaciano de efetiva ligação entre Lula, Fidel Castro, Hugo Chávez e Evo Morales, ao tomar conhecimento da existência de anunciado problema mecànico no fatídico avião da TAM, partiu para a obscenidade pura e simples, mandando figurativamente todos os discordantes se "f ....em". Consciente da sua importància no esquema petista, o mentor palaciano, pressionada pela opinião pública, esboçou arrogante "pedido de desculpas", emenda que saiu pior do que o soneto e só fez reafirmar a típica insensibilidade do dirigente totalitário quando no exercício do poder.
No resumo da ópera a pergunta que se faz é a seguinte: o que é que essa gente "aloprada" do governo pensa? Que somos todos uns imbecis? Que somos todos uns magotes de cabras vadias? Que não temos capacidade de discernimento para enxergar o óbvio? Ora, o poder político, tal como ele se exerce no governo Lula, não pode ser considerado um privilégio, uma fonte de mando irresponsável para usufruto dos seus integrantes. Muito pelo contrário: o governo, qualquer governo, antes de mais nada, sobretudo numa democracia representativa, é instituído em nome do povo e a ele deve respeito. Ninguém, de nenhum modo, tem o arbítrio de estar acima ou por cima do cidadão.
Em tempo: o mais lamentável de tudo será a opinião pública - por pressão da propaganda enganosa e das promessas impossíveis - cair no esquecimento ou seguir a recomendação da ministra Suplicy. Aí, sim, estaremos todos urdidos e mal pagos.