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Cronicas-->SEM TíTULO -- 26/04/2008 - 15:03 (thiago schneider herrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Algo em mim grita, enquanto no fundo, lá dentro, sou eu que silencio. E quando grito, todo volume é gerado ali, no meu próprio silencio. Não é um silencio escuro, é apenas falta de som. Não há paz, apenas falta de som. Não há nada, somente e absolutamente nada, só falta som. Raso, como me dói estar raso, desprovido de tudo, só eu, meu silencio e uma vontade asfixiante de gritar. Desloco-me e desabrigo um querer forte, incontrolável e desesperador. Algo em mim é escuro como o breu, pastoso, escorregadio e infinito. Não posso explicar, não quero, nunca conseguiria. Não é auto-análise nem auto-afirmação, está mais para algo automático, sistemático, que vem e se instala. Não é culpa de ninguém, nem minha. Passo dias cinzentos, nublados, cabeça meio baixa, uma dor imensurável entra em meu corpo que quem navalha, rasga a carne, se infiltra e se instala. Mas também passo dias leves, sem preocupações, assoviando algo displicente, um sorrir pro motorista do ónibus, um querer bem a todos, patético. Mas nunca dura, nenhuma das duas coisas. Estou sempre mudando de humor, de energia, de vontade, de sonhos, nunca fico quieto, aproveitando a fundo o momento. Parece que quando tenho, quero jogar fora, e quando não tenho, quero virar o mundo do avesso pra conseguir. Mas no fundo nem sei o que é exatamente, só sei que é um querer forte, algo que me impulsiona, algo que tenta evitar que eu morra, algo que me reergue, talvez feito de cimento, esperança, super bonder e sonhos.
No fundo eu só quero me esquivar, gingar, quero ficar na chuva, quero andar por aí, saltar muros, roubar corações, beber cerveja, sentar numa cadeira confortável, quero gritar e me esconder, quero quebrar vidraças, correr, mergulhar, deitar no chão frio. Eu pensei que fosse fácil. Falar de longe é sempre assim, quase fácil. E de meu coração, parte de aço, brotam rosas de mármore; brancas, insípidas, inodoras, e o beijo nelas, nas rosas é de pedra, corta a boca, tingindo de rubro uma suposta plácida alvura pálida. Não posso dizer que não venci, porque nunca poderei dizer que não joguei. Pensei no que dizer, trabalhei, refiz o texto, e agora somente vomito. Vomito algo que sou. Talvez seja minha indignação, ou parte dela, ou talvez seja somente minha raiva contida; ou minha contenção raivosa; sei lá, quem poderá me explicar se nem eu mesmo serei capaz de fazê-lo? Será que alguém precisaria de alguma explicação? Só quero o vento, só. Só quero poder dizer que nem sempre as coisas inexplicáveis provêm de algo explicável, mas lamento, só acredito vendo. Pago pra ver, me diga o preço. Pago, depois me esqueço. É assim, mas também ao inverso. Explicar? Não tem jeito, só deixo acontecer o inevitável, o resto controlo á mão de ferro, e me engano sempre remando supostamente contra corrente, sendo que sei, sempre soube que faço parte do processo, da lama, do nada. Uma hora acaba, num gole de uísque, num displicente tropeço na calçada, num ataque fulminante, num osso de frango, numa revanche. Lamentaremos, inutilmente lamentaremos.
Sempre lamentaremos...
T.S.H.
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